13 jun Incubadora Celta Hub é nova âncora do Sapiens Parque em Florianópolis
Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 12/06/2022)
Primeira incubadora do Brasil e também considerada a melhor do país, o Centro Empresarial para Laboratório de Tecnologias Avançadas (Celta), da Fundação Certi, baseada no Parque Tecnológico Alfa, em Florianópolis, anuncia o Celta Hub, nova unidade no Sapiens Parque. As atividades vão iniciar em julho com 20 empresas incubadas, mas em breve poderão ser 100, que contarão com uma base sólida de assessoria em gestão e conexão com médias e grandes empresas, informa Laercio Aniceto Silva, superintendente de Negócios da Fundação Certi.
O objetivo é ampliar e fortalecer a geração de negócios inovadores e sustentáveis, com ênfase na transformação digital, aproveitando o potencial do parque tecnológico no Norte da Ilha de Santa Catarina, que foi constituído pela própria Fundação Certi. Assim, o Sapiens, que já tem entre âncoras as empresas Softplan e Nanovetores e o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, está ganhando mais duas: o Celta Hub e o JBS Biotech Innovation Center, centro global de pesquisa em proteína cultivada da JBS.
Com diversos prêmios internacionais no currículo, a Incubadora Celta, que iniciou atividades em 1986, é considerada a melhor do Brasil porque 96% das suas incubadas estão atuando no mercado. Atualmente, abriga no Parque Alfa 32 empresas e startups que em 2020 tiveram faturamento conjunto de R$ 67 milhões. As primeiras 20 startups que irão para o Celta Hub serão selecionadas a partir do evento Arena Celta, que está sendo realizado pela instituição.
De acordo com Laercio Silva, o plano é trabalhar o conceito de Hub, onde há um ecossistema, com startups, mas um ambiente de negócios que vai além da infraestrutura física. A intenção é trabalhar de forma mais proativa, oferecer oportunidades, apresentar fornecedores de tecnologia, investidores, clientes e até ajudar em processo de internacionalização. A fundação não informa investimento específico para esse projeto porque vai usar, principalmente, infraestrutura já existente.
– Além dos serviços tradicionais de incubadora, como é a parte de condomínio, Correios, salas para reuniões, salas para capacitação, estacionamento, serviços bancários, restaurante e auditório, a ideia é acrescentar os serviços de desenvolvimento empresarial. Inclui showroom, sistemas online para solicitação de serviços, registros da empresa, contabilidade, escritório de advocacia, e o mais importante disso tudo, para esse conceito de open innovation, é a questão da capacitação, consultoria especializada, mentorias individuais, tanto com os empreendedores que já tiveram sucesso, mas, também com outros – informa Laercio Silva.
Segundo ele, um dos diferenciais serão oportunidades de acesso a mercados. A Certi tem muitos clientes. Alguns deles também se interessam por tecnologias dominadas pelas startups. Então, a fundação pode ter uma espécie de encadeamento tecnológico, onde a startup traz o seu conhecimento, traz a sua experiência e a Certi faz uma oferta de maior valor para a empresa.
Para definir as startups que vão integrar a nova incubadora, está em andamento o programa Arena Celta. Foram selecionadas 98 startups de todo o país, iniciou um processo de sistematização, qualificação e avaliação em 25 de maio e no dia 1º de julho serão escolhidas 20 que vão fazer parte do primeiro grupo de incubadas no Celta Hub, explica o superintendente.
Ele destaca que a incubadora Celta foi fundada em 1986, dois anos depois do início de atividades da Fundação Certi. Nasceu com objetivo de fazer um trabalho diferenciado para que as empresas incubadas tenham êxito no mercado, um conceito que era adotado na Alemanha.
– O Celta está sob o CNPJ da própria Certi, que foi criada nos moldes do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, que se posiciona junto às universidades, não como uma fundação de apoio, mas como um instituto que faz uma conexão entre o conhecimento gerado na universidade e o mercado – diz Laercio Silva.
Então, segundo ele, existem duas formas de levar esse conhecimento ao mercado. Uma é trabalhar para empresas que já estão maduras, pegar esse conhecimento e transformar em um produto inovador ou um processo inovador para elevar a competitividade de empresas já existentes. Uma outra forma, que a Certi começou agora, é pegar esse conhecimento de quem está saindo da universidade e montar uma nova empresa, uma startup, e levar essa empresa para o mercado.
– Mas quando essa empresa nova vai para o mercado, ela encontra uma série de dificuldades. Eu costumo dar um exemplo: às vezes criar uma nova empresa é como você tentar montar um jardim no meio de uma floresta, as árvores maiores não deixam chegar nem sombra, nem sol, naquele jardim que você está tentando cultivar – compara o executivo.
Exemplo do ecossistema de SC
Entre as empresas que foram incubadas do Celta e estão com projeção internacional estão a RD Station e a Nanovetores. Laercio Silva observa que no caso da RD, alguns dos fundadores trabalharam na Fudação Certi antes de abrir o negócio próprio. Com atuação em marketing digital e gestão, a RD atua no Brasil e América latina. Em 2021, foi adquirida pela Tovs por R$ 2 bilhões.
A Nanovetores, que atua com nanotecnologia, passou por todas as fases de apoio empresarial no início oferecidas pelo programa Sinapse da Inovação e Celta. Atualmente, se diferencia no mercado mundial por ter produtos exclusivos e teve 48% do capital adquirido pelo grupo suíço Givaudan, líder mundial em ingredientes para cosméticos e perfumes.
No caso da empresa Horus, do segmento de drones para vigilância e serviços para agricultura, que começou na Celta, a Fundação Certi teve uma participação mais direta nos rumos da atividade. Uma das viradas da Horus foi quando passou a contar com um sistema para informar onde usar defensivos contra ervas daninhas em lavouras. Esse trabalho, para atender a Basf, foi elaborado com inteligência artificial da Certi, observa Laercio.
O Celta Hub já tem espaço próprio para funcionar no Sapiens Parque. Ficará dentro do prédio da Fundação Certi, que fica à esquerda no complexo principal de empreendimentos do parque. A expectativa é de que essa nova incubadora vai colaborar para acelerar a consolidação do parque tecnológico.