Greve em Florianópolis ocorre no pior momento para saúde e educação

Greve em Florianópolis ocorre no pior momento para saúde e educação

Da Coluna de Renato Igor (NSC, 15/06/2022)

O momento escolhido para a greve dos servidores públicos municipais de Florianópolis, a partir desta quarta-feira (15), é o pior possível para saúde e educação. Na saúde, Santa Catarina vive situação de emergência com falta de leitos de UTI, especialmente na pediatria e neonatologia, em função do aumento de casos de doenças respiratórias. Reduzir a capacidade de atendimento municipal, evidente que atinge quem mais precisa e sobrecarrega ainda mais a rede hospitalar.

Na educação, o setor público foi o que mais tempo ficou sem aulas presenciais. O déficit educacional em função da pandemia é real e um desafio gigantesco. Professores relatam muita dificuldade e atraso da alfabetização das crianças numa fase essencial na vida delas.

Além disso, o momento exige dedicação total para que estes jovens tenham a retomada do contato e interação sociais, aprendam a conviver com os demais colegas e recuperem o conteúdo perdido. Isso sem falar, é claro, naqueles pais que dependem da creche ou escola infantil para deixar seus filhos e ir trabalhar.

Quanto ao mérito da greve, ele é justo e tem uma preocupação real. A inflação dos últimos 12 meses está no patamar de 12 % e a prefeitura oferece 3% (2022) e 2 % (2023), além de aumento de 30% no vale- alimentação aos menores salários.

Uma proposta de reajuste com percentual menor do que a inflação representa perda do poder de compra do trabalhador. Uma realidade para a maioria das categorias profissionais.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta a piora nas negociações salariais. Em 2018, 9% das categorias negociaram salários abaixo da inflação. Com a pandemia, houve um salto em 2021, quando esse índice chegou a 47%. Em 2022, até fevereiro, apenas 24% das categorias conseguiram ganhos reais, ou seja, acima da inflação.

Muitas destas categorias, no setor privado, para agravar, tiveram redução de jornada e salário durante um período da pandemia, diferentemente dos servidores públicos.