30 maio Acervo de entrevistas com rendeiras de Florianópolis estreia na internet
“Com seis anos de idade, eu tinha que fazer renda de metro, mais fininha, pra comprar um vestidinho pra ir à missa. Assim que ela, minha mãe, me ensinou.”
Depoimentos como este, da rendeira Anita Maria Lopes de Moraes (in memoriam), integram o acervo de entrevistas disponibilizado no site do projeto Memória Rendeira (www.camaraclara.org.br/memoriarendeira).
Registrado na Freguesia do Ribeirão da Ilha no ano de 2011 durante uma oficina audiovisual, o conteúdo deste encontro pode agora ser acessado na íntegra, facilitando o trabalho de pesquisadoras e comunidade interessada na cultura, trabalho, oralidade, histórias de vida e cotidiano na capital catarinense.
Na página é possível ver e baixar textos, fotografias e vídeos de quinze entrevistas realizadas por Tati Costa, Daniel Choma e colaboradores entre os anos de 2011 e 2018 junto a mulheres rendeiras (e cantadeiras), em sua maioria nascidas no sul da Ilha de Santa Catarina. As ações viabilizaram o tratamento documental, produção e difusão cultural deste material que soma mais de quarenta horas de conteúdo. A maior parte estava inédito para o público até então, e se encontrava sob salvaguarda do Instituto Câmara Clara.
Realizou-se também a edição audiovisual das entrevistas, resultando em uma web série documental com quinze vídeos de aproximadamente 18 minutos, um sobre cada rendeira, para livre circulação na Internet. Enquanto a renda é feita, elas tecem comentários sobre a arte de fazer renda de bilro, as técnicas, pontos, tramas e instrumentos de trabalho – almofada, bilros, agulha, linhas, alfinetes etc. Lembranças da infância e adolescência também são ponteadas, revelando versos de ratoeira, brincadeiras, festas e cotidianos.
Como ação de contrapartida foi produzido o DVD Memória Rendeira, contendo a série de quinze curtas. A embalagem do DVD agrega peças de renda de bilro produzidas pelas rendeiras participantes, e sua aquisição pela equipe do projeto representou também um fomento à produção local. Além da distribuição dirigida à Fundação Catarinense de Cultura e outras instituições culturais do estado de Santa Catarina, a circulação deste material também será feita pelas próprias rendeiras entre seus familiares e comunidades.
Memória Rendeira objetiva a valorização da renda de bilro através das narrativas de suas agentes principais, as rendeiras, democratizando o acesso aos saberes e memórias expressas por elas. Este projeto foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Patrimônio e paisagem cultural – Edição 2020, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
Site do acervo Memória Rendeira: www.camaraclara.org.br/memoriarendeira
Informações: 48 99633-5903 contato@camaraclara.org.br
(DeOlhoNaIlha, 27/05/2022)