05 abr Inflação em 12 meses chega a 11% em Florianópolis, mostra Índice de Custo de Vida da Udesc Esag
O aumento médio dos preços dos produtos e serviços consumidos pelas famílias em Florianópolis subiu 1,21% em março, maior aumento mensal desde outubro de 2021. Os gastos com transportes explicam quase dois terços da inflação do mês, puxados pelos combustíveis para automóveis e pela disparada nos preços das passagens aéreas.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu a marca de 11%. Apenas no primeiro trimestre de 2022, essa variação chega a quase 3%. Os números são do Índice de Custo de Vida (ICV), calculado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por meio do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag), com apoio da Fundação Esag (Fesag).
Transportes
Os preços ligados aos transportes tiveram a maior variação no mês entre os grupos pesquisados (3,63%). As tarifas dos vários tipos de transporte público subiram 9,06%. Esse aumento foi puxado principalmente pelas passagens aéreas, que dispararam nada menos que 39,83% no mês. Os combustíveis para automóveis subiram 5,63%.
De acordo com o coordenador do ICV/Udesc Esag, Hercílio Fernandes Neto, uma combinação de fatores contribuiu para as tarifas das passagens aéreas decolarem em março. Os preços foram pressionados por aumentos dos custos (com alta dos combustíveis e do dólar) e pela retomada da demanda reprimida durante quase dois anos de restrições às viagens.
Alimentação
Depois dos transportes, a maior pressão sobre a inflação de março veio dos alimentos, responsáveis por mais de um quarto do índice. O aumento médio dos alimentos e bebidas em março foi de 1,53%. Se considerados apenas os produtos comprados para consumo em casa, o índice chega a 1,85%. Já as refeições em lanchonetes e restaurantes subiram menos (1,04%).
Os principais aumentos foram os do tomate (46,9%), beterraba (29,7%), mamão (15,2%), óleo de soja (13,8%), batata (13,2%), leite longa vida (9,3%), manteiga (8,7%) e cebola de cabeça (6,8%). Com exceção do tomate, os vegetais nessa lista são produtos com aumentos sazonais de entressafra. Já o leite tem sido pressionado pelo aumento nos custos, especialmente com transporte e ração dos animais, com as commodities como soja e milho em alta.
Gás
O terceiro maior impacto no índice de inflação de março veio dos itens ligados à habitação, que subiram em média 1,75%. Do 1,21% do índice geral de inflação do mês, cerca de 0,25 pontos percentuais se referem a esse grupo. Nesse caso, o combustível para o aumento dos preços foi o gás de cozinha, com alta de 12,9% em março.
Entre os demais grupos pesquisados, houve alta apenas na Educação (0,72%). Ficaram mais baratos em média os itens de vestuário (-0,59%) e os artigos de residência (-1,57%) – puxados para baixo pelos preços dos móveis (-2,66%). Serviços de comunicação, despesas pessoais e com saúde e cuidados pessoais ficaram praticamente estáveis.
Sobre o Índice de Custo de Vida
O ICV/Udesc Esag registra a variação dos preços de 297 produtos e serviços consumidos por famílias de Florianópolis com renda entre 1 e 40 salários-mínimos. Para o último boletim mensal, os dados foram coletados entre os dias 1º e 31 de março.
A metodologia é a mesma usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial para a meta de inflação nacional. Para o cálculo do ICV, a Udesc Esag conta com o apoio da Fundação Esag (Fesag) na atualização das ferramentas utilizadas.
Mais informações podem ser obtidas em udesc.br/esag/custodevida, onde é possível consultar os boletins mensais (desde 2010) e as séries históricas (desde junho de 1994) do ICV/Udesc Esag.
(DeOlhoNaIlha, 04/04/2022)