13 abr Floripa renasce e se reencontra
Artigo de Zena Becker
Coordenadora do Floripa Sustentável
Seria preciso que eu fosse mestra das letras e da crônica, tal qual um Sérgio da Costa Ramos, para descrever tudo o que aconteceu no último final de semana nas ruas, palcos, museus, praias, nos mais amplos e nos mais diminutos lugares desta cidade – do Continente à Ilha.
Milhares de pessoas, dizem que mais de 150 mil, saíram de casa para se encontrar, brindar, conviver, dançar, correr, surfar e fazer muita arte nos três principais eventos – houve mais –que marcaram um sábado de sol que se abriu como que por magia em meio a dias chuvosos.
A Maratona Cultural, com seus mais de 80 programas, o revezamento Volta à Ilha, com seus 3,6 mil atletas e o charmoso Lay Back Pro de surfe na Mole, fizeram Florianópolis renascer e se reencontrar depois de dois anos de pandemia. Era tanta coisa pra fazer, tantos abraços pra dar, tantos amigos pra rever, que ficou até difícil traçar um roteiro.
A cidade conviveu, foi inclusiva e diversa, conhecemos gente nova, tudo junto misturado. Parecia aqueles filmes de Hollywood que mostravam as comemorações do fim de uma guerra mundial – e foi uma grande guerra esta que travamos contra o coronavírus.
Essa grande festa de renascimento, na verdade, começou no sábado anterior, dia 2 de abril, em Jurerê In, onde outro grande cronista desta cidade, Cacau Menezes, nos brindou no dia do seu aniversário com uma Feijoada que ficará na história das Feijoadas.
Eram 5 mil pessoas num clima de paz, amor e harmonia – aliás, o tema escolhido pelo Cacau para abrir no início do outono essa temporada de renascimento. E o renascimento estava também na fé e devoção daquelas quase 80 mil pessoas que acompanharam naquele primeiro fim de semana de abril a Procissão do Senhor dos Passos, o grande evento do calendário religioso de Florianópolis que acontece desde 1766.
Os fiéis refizeram os últimos passos de Jesus e o reencontro coma Mãe antes de ser crucificado, morrer, ressuscitar e nos ensinar que é preciso renascer.
Todo esse clima de paz, amor e harmonia se repetiu no Largo da Catedral na noite do último sábado, quando um mar de gente tomou conta das ruas do Centro Histórico para o show da banda Baiana System – uma bênção de Axé na Ilha da Magia. Mais um dos eventos da Maratona Cultural, que em três dias de realização reuniu mais de 90 mil pessoas, movimentou R$ 3 milhões e deu trabalho a mais de 500 pessoas.
Que esse clima de paz, amor e harmonia perdure. Temos muitas lutas a vencer para melhorar a nossa cidade, mas sem diálogo e compreensão, que floriram nos últimos finais de semana, não temos como avançar rumo adias melhores. Que o nosso reencontro seja o marco de um novo tempo em Floripa.
(ND, 13/04/2022)