25 ago Espuma na Lagoa da Conceição preocupa moradores em Florianópolis
Não tem sido um ano fácil para a Lagoa da Conceição. Depois do desastre na barragem de evapoinfiltração da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), a sucessão de problemas ambientais é preocupante. Desta vez, uma situação recorrente, bastante visual, e que assusta: a lagoa amanheceu coberta de nuvens de espuma amarelada.
Segundo o presidente da Associação de Moradores da Lagoa, Bruno Negri, “essa espuma é fruto do processo de eutrofização, o processo da proliferação de algas que acabam se acumulando aqui na beira da lagoa. E essa eutrofização nada mais é do que um resultado do lançamento de esgoto”.
Essa grande quantidade de oxigênio que é necessária para dissolver a matéria orgânica, deixa de estar presente na água e pode causar a mortalidade de organismos, peixes, crustáceos e moluscos. Além, claro, de favorecer o aparecimento de doenças virais.
“Essa espuma pode ser considerada um indício de poluição orgânica já que ela é resultado de um processo biológico, da degradação desses nutrientes. Geralmente, isso é agravado pela temperatura. Nós tivemos uma semana de temperatura alta, um pouco diferente do que a gente tá acostumado no inverno, além de uma baixa pluviosidade”, explicou o biólogo Emerilson Emerim.
Em nota, o IMA (Instituto do Meio Ambiente) afirmou que a espuma pode ser causada por uma combinação de fatores, como o vento e a salinidade. Por isso, a principal hipótese considerada é que isso seja resultado de uma floração de microalgas, que será investigada.
A Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis) também se manifestou, e disse que segue acompanhando os índices de balneabilidade do local.
Para o presidente da Associação de Moradores da Lagoa, é preciso menos teoria e mais ação. “É preciso saber, agora que temos o monitoramento, que ações serão empreendidas e em que locais, para resolver esse problema”, disse Negri.
Além da ação governamental, o biólogo Emerim também ressalta que atitudes individuais podem fazer a diferença: “Cada morador da Lagoa, comerciante da Lagoa, tem a obrigação moral e como cidadão de checar o seu efluente e ver para onde ele vai, ver como é que está sua caixa de gordura, ver como é que está a sua fossa e sumidouro, caso o tratamento seja individual. Então, é um trabalho de conscientização. Não parte só do governo.”
“Precisamos cuidar da Lagoa, a Lagoa é um organismo vivo. Como a gente vai ao médico, a Lagoa tá aqui, precisando de um médico também”, defendeu Negri.
Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis.
(Balanço Geral, 24/08/2021)