16 jul Blitz busca coibir ação de catadores de recicláveis clandestinos no Centro de Florianópolis
Todas as tardes as ruas do Centro de Florianópolis são invadidas por caminhonetes e pequenos caminhões que disputam, principalmente, o material reciclável separado pelo comércio e condomínios.
O ‘lixo’ é colocado nas calçadas dos edifícios e lojas, no final do dia, em grandes sacos plásticos, para recolhimento da Comcap.
Esses veículos ilegais, geralmente em péssimo estado de conservação, carregam o material para posterior separação e venda dos objetos mais valiosos, como latinhas e papelão.
A maioria dos depósitos está localizada em São José e Palhoça e não tem alvará de funcionamento.
Por que proibir?
Proibir a ação destes trabalhadores seria condenável, caso não fossem levados em consideração dois fatos relevantes.
Primeiro, o material recolhido pela Comcap é destinado integralmente para a Associação de Coletores de Materiais Recicláveis, composta por 200 famílias, que sobrevivem da doação de recicláveis da coleta pública.
O galpão do projeto está instalado no terreno da Comcap, no Bairro Itacorubi.
Outro aspecto relevante: enquanto na Associação, TODO o material reciclável é reaproveitado, os catadores clandestinos priorizam os produtos mais valiosos (como metais e papelão) e descartam o restante.
“O vidro não vale a pena vender, porque pagam muito pouco”, disse, à reportagem do Floripa Centro, um dos trabalhadores que circula pelo Centro.
Fiscalização próxima às pontes
Por isso, nesta quarta-feira, 14, a Prefeitura realizou uma blitz abordando os veículos com carga clandestina, principalmente, nas vias próximas à saída da Ilha e, também, no Continente. “Mas, o que não comercializamos a gente coloca em sacos, na calçada, e a companhia de lixo leva”, explicou, tentando justificar o procedimento. Só que essa sobra destes depósitos ilegais vai para o lixo comum!
A ação pretende resguardar a política municipal de inclusão dos triadores, na rede da reciclagem, conforme preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o termo de ajustamento de conduta assinado com o Ministério Público de Santa Catarina, em 2008.
Na época, os catadores que separavam recicláveis na cabeceira insular da Ponte Pedro Ivo, concordaram em deixar de percorrer o Centro com carrinhos e organizaram-se no galpão cedido pela Comcap, no Itacorubi.
Hoje, além da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis, há mais seis associações e cooperativas instaladas em Florianópolis. São 370 pessoas e 200 famílias que vivem desse material.
Ação dos clandestinos empobrece legalizados
Com a ação de clandestinos durante a pandemia, a renda dessas famílias teve uma redução de até 70%.
“Vamos abordar para saber de onde vem essas pessoas, quais as condições de segurança do trabalho e dos veículos, e para orientá-los que a Prefeitura de Florianópolis tem o compromisso de proteger os catadores organizados, que trabalham em galpões licenciados, inclusive para evitar que também eles voltem a trabalhar nas ruas”, informa o secretário municipal de Meio Ambiente, Fábio Braga.
Segundo ele, Florianópolis é modelo nacional por ter coleta seletiva pública que abastece as associações e cooperativas.
Essa parceria evita que os catadores se exponham a riscos de trânsito e reduz a formação de lixões irregulares onde são descartados os rejeitos da coleta clandestina.
(Portal Floripa Centro, 15/07/2021)