25 jun Personalidades negras são representadas nos armários telefônicos pelas ruas do Centro
Desde 2013 o artista Bruno Barbi vem pintando personalidades negras que homenageiam gente que faz a luta diária em Florianópolis.
Ele criou um circuito de arte urbana no centro histórico da cidade. Logo, foi ganhando outras áreas, como o alto dos morros do Maciço do Morro da Cruz.
Algumas obras já podem ser apreciadas pelas ruas do Centro e foram pintadas nas caixas de telefonia (também chamados de armários telefônicos), que ficam nas calçadas. A partir desta semana, o projeto foi retomado com novas pinturas e reparação das que estão danificadas, somando 16 obras.
Povo negro morava no Centro
Barbi busca chamar a atenção para o povo negro, parcela significativa da população local, que teve participação essencial na construção urbana, social e cultural da Capital.
“Na região do centro histórico, o povo negro morava, trabalhava na construção civil, no pequeno comércio de rua e na lavação e costura de roupas para a elite local”, explica Barbi.
O processo de higienização do Centro, segundo ele, acabou empurrando essa população para os morros e bairros periféricos.
“Meu trabalho contribui para o resgate histórico e na contação dessa história. Tentamos, de alguma forma, oferecer a devolução do território, na medida em que o povo negro se vê, se identifica, se valoriza e se sente pertencente à cidade”.
Estas intervenções urbanas constituirão o Circuito Cidade Negra, que demandará dois meses de produção e que resultará num documentário e tour guiado. Tudo isso poderá ser acompanhado pelas redes sociais do Street Art Tour @streetarttourfloripa.
Desta vez, em meio a uma consciência mais apurada da luta contemporânea, que reverencia os ancestrais e reivindica um futuro digno e seguro para as novas gerações, Bruno Barbi, chega com a ideia de homenagear, em sua grande maioria, mulheres negras do front, do campo de luta hoje.
Numa seleção pessoal, 16 nomes locais e nacionais de negras e negros, de todas as gerações, serão pintadas nas caixas de telefonia da região que fica entre o Maciço do Morro da Cruz e o terminal Rita Maria para negritar um grito de que ‘Florianópolis também é negra’. A realização é do Street Art Tour, um movimento de valorização, produção e difusão da arte urbana.
(Portal Floripa Centro, 24/06/2021)