Prefeitura de Floripa vai pagar às comunidades pela compostagem de resíduos sólidos

Prefeitura de Floripa vai pagar às comunidades pela compostagem de resíduos sólidos

Iniciativa inédita no país foi anunciada nesta sexta (11/09) em webinário do Grupo Interinstitucional sobre Gestão de Resíduos Sólidos (GIRS), do qual a FloripAmanhã realiza a coordenação em conjunto com a CDL Florianópolis.

A Prefeitura de Florianópolis lançou nesta sexta-feira um edital inédito no país, que estabelece o pagamento por serviços de compostagem de resíduos sólidos urbanos. Com investimento de R$ 987 mil do Fundo Socioambiental da Caixa, através do Fundo Nacional do Meio Ambiente, o projeto visa desviar 60 toneladas diárias no primeiro ano de resíduos orgânicos enviados ao aterro sanitário, um terço do que é gerado. Esse volume equivale a 10% do lixo produzido pelos moradores da cidade. A iniciativa foi anunciada em webinário no canal do Youtube do Grupo Interinstitucional sobre Gestão de Resíduos Sólidos (GIRS), do qual a associação FloripAmanhã faz parte e atua na coordenação conjuntamente com a CDL Florianópolis. Todas as sextas-feiras, 16h30, o GIRS está promovendo webinários sobre questões relacionados aos resíduos sólidos.

“Além de beneficiar as comunidades, o projeto retira metano da atmosfera, contribuindo para enfrentar o aquecimento global”, destaca o engenheiro civil Marius Bagnati, membro do Conselho Consultivo da FloripAmanhã e coordenador adjunto do GIRS. O Grupo Interinstitucional sobre Gestão de Resíduos Sólidos foi criado há 11 anos, com a participação da FloripAmanhã desde a sua fundação. Atualmente é composto por 72 participantes, incluindo pessoas físicas (profissionais e acadêmicos interessados no assunto), representantes de empresas e de entidades públicas e privadas que buscam soluções para a gestão do resíduo sólido em Florianópolis. Em 2018, foi reconhecido como instância de apoio às políticas públicas municipais na área. 

Florianópolis é uma das cidades pioneiras do Brasil no reaproveitamento de resíduos. Entre os avanços dos últimos anos, Bagnati menciona o programa de coleta de restos de poda de árvores e de grama, que são triturados e viram cepilho – pequenas lascas de madeira utilizadas para a produção de adubo orgânico que é distribuído às hortas comunitárias.

As Comunidades como Protagonistas

O projeto da Prefeitura apoiado pela FloripAmanhã abrange 13 pátios de compostagem, com ações de fortalecimento em seis unidades institucionais existentes, a implantação de cinco novos pátios comunitários e o apoio a dois pátios comunitários já consolidados – o Pacuca, no Campeche, e a Revolução dos Baldinhos. A meta é implantar pelo menos 170 pontos de entrega com bombonas. Recursos do Fundo Municipal de Saneamento serão destinados a pagar pela compostagem de resíduos sólidos orgânicos (restos de comida) segregados na fonte. Cada tonelada desviada do aterro sanitário será remunerada em R$ 156.

“Nossa estratégia é colocar as comunidades como protagonistas do tratamento de resíduos orgânicos”, diz o diretor-presidente da Autarquia Melhoramentos da Capital (Comcap), Lucas Arruda. “Elas próprias vão prestar o serviço e ser remuneradas por isso”. Ele lembra que o primeiro desafio do programa é fazer a separação na fonte, já que o lixo misturado é rejeito, servindo apenas para aterro sanitário ou para ser queimado em usinas que não existem no Brasil.

Hoje a autarquia municipal gasta R$ 36 milhões por ano para transportar, em 25 carretas por dia, 212 mil toneladas de resíduos sólidos produzidos na capital até o aterro sanitário de Biguaçu, na região metropolitana. Arruda estima que é possível gerar, em tese, R$ 12 milhões anuais em economia se 100% dos resíduos orgânicos passarem a ser reciclados. “Esse recurso, que hoje é pago a uma multinacional, vai ficar total ou parcialmente com os cidadãos de Florianópolis e acaba sendo investido na cidade”, diz. Na contramão da tendência nacional, em 2019 a capital catarinense aumentou em 13% a coleta de recicláveis e tem como meta se transformar em uma cidade Lixo Zero até 2030. 

Logística reversa, um dos principais elementos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, é outro tema de discussão frequente no GIRS, que desde o início da pandemia tem promovido reuniões semanais pela internet. Entre os assuntos em pauta está a  possibilidade de implantar a reciclagem de isopor em Florianópolis, utilizando tecnologia desenvolvida por uma empresa de Joinville junto com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A Comcap já mantém acordo com uma indústria para recolher e processar pneus usados. Esse material é reaproveitado como combustível para os fornos de indústrias de cimento e também como insumo para fabricar asfalto e tapetes de automóveis.

 

Cinco pátios de compostagem comunitários que serão implantados

  • Associação de Moradores de Ratones (Amora), Estrada Intendente Antônio Damasco, 3.790, área da associação
  • Associação de Moradores e Amigos do Loteamento Portal do Ribeirão da Ilha (Amapri), Rodovia Baldicero Filomeno, 1.260 área verde de lazer
  • Projeto Recicla Ação Mocotó Queimada, Rua Professor Aníbal Nunes Pires, s/n, área da creche – área de interesse social
  • Projeto EcoQuilombo, Associação do Bairro Itacorubi, Servidão Manoel Félix da Silva, s/n, lote 1.064 pertencente à Prefeitura de Florianópolis – área de interesse social
  • Instituto Costão Social de Educação Esporte Cultura e Lazer, Servidão Serafim Santana de Souza, 129, Ponta das Canas, terreno da União.

 

Fotos do pátio de compostagem no Centro de Valorização de Resíduos (CVR) da Comcap, operado pela Associação Orgânica

(Atualizada em 11/09/2020, 22h)