02 set Entre interdições e pandemia, maricultores se reinventam
Com as mãos habilidosas, Vinícius Marcos Ramos mexe no laboratório de ostras que construiu dentro do galpão em frente à fazenda marinha que administra na Capital do Estado. Aliviado pelo fim da interdição que interrompia o trabalho de alguns maricultores da região até a última quinta-feira (27), o florianopolitano está otimista.
Apesar da pandemia provocada pelo novo coronavírus ter reduzido o seu negócio e de vários produtores, o setor que fortalece a tradição da cidade vive um momento de reinvenção.
“O futuro é incerto para a gente, mas eu estou confiante. Tem que estar e pensar nas alternativas”, disse Vinícius, que perdeu sete funcionários e diminuiu sua produção em 50% desde o início da pandemia. Porém, com a expectativa de crescimento, o aquicultor enxerga um mar de oportunidades para o próximo verão.
Além das vendas de ostras e vieiras, o galpão em que os moluscos são escovados, limpos e divididos abriga também um espaço que cria e cultiva milhões de sementes de ostras. O trabalho no laboratório já ocorria em anos anteriores, mas ganhou força com a pandemia e é uma alternativa para o negócio, localizado no Ribeirão da Ilha. Nos últimos meses, algumas milhares de sementes foram vendidas para outros produtores da cidade.
Cultivo delicado
Normalmente, as ostras ainda muito pequenas são compradas do laboratório da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que desenvolve um projeto há anos. Os produtos passam por várias pesquisas, são subsidiados e entregues aos produtores por um preço mais acessível.
“As ostras são as melhores do país, têm uma ótima qualidade, mas o laboratório fecha alguns meses e eu aproveitei agora para fazer um pouco aqui”, conta o aquicultor.
Administrador por formação, o morador do Sul da Ilha se tornou maricultor há 18 anos. Trocou números, prazos e o escritório pela espera do crescimento das sementes e a incerteza da vinda ou não da maré vermelha.
Mesmo não tendo sofrido nenhuma interdição por causa da proliferação de microalgas este ano, o dono do negócio vive sob incertezas. “A gente planta um bichinho que vai ser vendido daqui uns meses e alguns ainda morrem. Já estou acostumado com essa incerteza. Aprendi”, conta.
Em anos normais, Vinícius vende cerca de 2,5 milhões de ostras, além de vieiras e mariscos. Com a pandemia, ele ainda não projeta números, mas sabe que será menor. Na fazenda, o produto mais pedido é a ostra, que custa R$ 15 a dúzia. A vieira, alimento mais refinado e que corresponde a 1% da sua receita, está R$ 60 (dúzia).
(Confira a matéria completa em ND, 02/09/2020)