“As decisões têm que ser técnicas, vou continuar nessa linha”, afirma Gean Loureiro

“As decisões têm que ser técnicas, vou continuar nessa linha”, afirma Gean Loureiro

Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 04/05/2020)

Ao comentar trabalho de combate ao coronavírus, prefeito diz que medidas “não podem levar em conta pressão de segmentos”, e sim informações científicas.

Cinquenta e um dias depois do primeiro decreto municipal, que proibiu eventos ao ar livre com mais de 250 pessoas ao ar livre e com mais de 100 em locais fechados, o prefeito Gean Loureiro (DEM) afirma que vai continuar pautando as ações com base em dados técnicos e científicos.

“As decisões sobre restrições não podem levar em conta pressões de segmentos”, afirma o prefeito, ao comentar sobre o pedido do comércio para que o poder público libere o transporte coletivo.

Qual o balanço desse primeiro mês e meio de enfrentamento à pandemia?
Florianópolis foi uma das primeiras cidades do Brasil a adotar medidas de distanciamento social, em 13 de março. Em conjunto com isso, compramos equipamentos de proteção individual, adquirimos testes suficientes, implantamos o Alô Saúde – que proporcionou atendimento por telefone -, todas ações que permitiram que a mortalidade pudesse ser a menor entre as capitais. Foram medidas acertadas. Eu não me preocupo com a popularidade, e sim com a responsabilidade. Ainda temos um desafio pela frente, a situação não está resolvida. Temos que controlar a Covid-19.

A Capital ainda não tem a geolocalização para monitorar a adesão ao isolamento social. Como está fazendo para ter um percentual aproximado?
Já fizemos uma solicitação às empresas de telefonia para inclusão de Florianópolis nesse sistema. Para termos o percentual, estamos avaliando dois critérios: por amostragem do uso da máscara, que é a melhor proteção individual, e pelo percentual de ambientes fiscalizados que cumprem as normas sanitárias. Cruzamos esses dois números para avaliar o comportamento da população. Um índice bom permite flexibilização das normas de segurança. Precisamos de um comprometimento e envolvimento total da população. Em grande parte, ela está colaborando.

Qual sua opinião sobre a pressão do setor empresarial para liberação do transporte coletivo?
As decisões sobre as restrições não podem levar em conta pressões de segmentos. Elas têm que ser técnicas. A prefeitura está trabalhando para definir a forma de utilização do transporte urbano com menor risco à sociedade logo que o sistema for liberado pelo Estado. Não adianta começar a liberar e daqui a pouco termos uma curva de contágio crescente que leve a fechar tudo novamente. A saúde e a economia estão do mesmo lado. Se não levarmos em conta dados científicos, podemos ter um lockdown, gerando uma crise sem precedentes. O empresariado me conhece, aliás estou sendo aliado do setor nesse momento. Com os cuidados, estou garantindo, talvez, que não precise fechar tudo de novo no futuro. Quem comanda as decisões é um coletivo social, não um segmento.

A condução do município segue da mesma forma?
A prefeitura está agindo corretamente no combate ao coronavírus. Vou continuar nessa linha, trazendo informações técnicas à população, com uma boa comunicação e serenidade. E sem disputa política e partidária.

O discurso contraditório de autoridades, em diversos níveis, não confunde a população?
Sim, mas estou seguindo a posição técnica do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde. Não estou levando em conta a posição dos agentes políticos, e sim dados científicos.