Aquíferos de Santa Catarina: Riqueza que os olhos não veem

Aquíferos de Santa Catarina: Riqueza que os olhos não veem

Santa Catarina possui uma grande riqueza natural que não está ao alcance dos olhos e que pode ser a salvação em tempos difíceis como agora, quando as chuvas rarearam e os reservatórios estão quase secos.

As águas subterrâneas dos aquíferos catarinenses já são utilizadas em algumas regiões do Estado, especialmente no Oeste, onde está o Aquífero Serra Geral. Em Florianópolis, há os aquíferos dos Ingleses e do Campeche que são utilizados também para o abastecimento.

O Aquífero Guarani é considerado o mais importante reservatório de águas subterrâneas porque a reserva é muito grande. O Serra Geral também é extenso e funciona como um protetor do Guarani contra a contaminação da água e é de mais fácil acesso.

Os aquíferos garantem a perenidade dos rios, explica o geólogo Luiz Fernandes Scheibe, professor emérito da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Scheibe é o coordenador do Projeto RGSG (Rede Guarani/Serra Geral) que pesquisa o aproveitamento dos aquíferos. Ele afirma que é preciso ter um outro olhar para o uso da água para que não se pense no uso e na escassez desse recurso somente em momentos críticos como a estiagem.

“O uso da água precisa ser integrado com a água superficial, a subterrânea, a da chuva e o reuso. Se houvesse o uso integrado dos recursos hídricos, teríamos muito menos problemas sazonais com a falta de água”, diz o pesquisador.

Desperdício contínuo
O professor ressalta que o melhor reservatório de água é o próprio solo e o aquífero, mas a impermeabilização das cidades impede que a água da chuva, por exemplo, seja conduzida para os aquíferos ou absorvida pelo solo e por fim, o recurso é desperdiçado.

Essa situação aponta para um outro problema que é a falta de educação ambiental. A água da chuva poderia ser armazenada em cisternas e ser utilizada para lavação de veículos e de calçadas, entre outros usos.

Para o geólogo Scheibe, não é sensato querer continuar consumido o mesmo volume de água durante o período em que ela está escassa. “Há uma convicção generalizada de que a oferta de água deveria ser constante e abundante, independente do uso. As pessoas pedem para que num intervalo de dois ou três meses de estiagem se tenha a mesma quantidade de água na torneira, isso não é possível fazendo esse tipo de uso como é feito hoje. Há muito desperdício”, critica.

Uso racional
O geólogo Luiz Fernandes Scheibe explica que o Aquífero Guarani só aparece em uma faixa muita estreita de Santa Catarina e que na maior parte do Estado é utilizada a água do Aquífero Serra Geral.

Os poços que extraem água desse aquífero são, na maioria, de indústrias, segundo Scheibe. Mas há também o uso na agricultura e pecuária. A opinião do professor é de que os recursos de aquíferos deveriam priorizar o consumo humano e dessedentação animal.

A exploração desse recurso subterrâneo também deve ocorrer sob controle para evitar a contaminação, como as que já acontecem nas bacias dos rios Jacutinga e Chapecó. “Há sinais de contaminação principalmente por nitratos”, diz o geólogo.

(Confira matéria completa em ND, 11/05/2020)