06 abr Empréstimo de R$ 100 milhões versus corte dos salários: ação e reação entre Gean e a oposição em Florianópolis
Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 03/04/2020)
O episódio do empréstimo de R$ 100 milhões destinados a obras para a prefeitura de Florianópolis aprovado na longa sessão de oito horas na Câmara de Vereadores, nesta quinta-feira, apresentou uma queda de braço política com ação e reação. Enquanto parlamentares da oposição agiram desde a quarta-feira para repercutir a inclusão na pauta dos projetos, a gestão Gean Loureiro correu para se explicar nas redes sociais e fechou o dia com um anúncio para amenizar o impacto da mobilização causada pelos adversários.
A principal reclamação dos opositores estava focada no combate ao coronavírus. Os vereadores questionaram o motivo de um empréstimo – dividido em dois projetos – em meio a uma crise de Saúde. Os vídeos divulgados pelos parlamentares correram as redes sociais e grupos de WhatsApp levando o foco do dia na Capital para a sessão da Câmara que se arrastou até a meia-noite.
Gean retribuiu também com um vídeo durante a tarde em que apresentava suas explicações como a substituição dos R$ 100 milhões por um contrato de R$ 140 milhões, que será deixado de lado por conta de burocracia. Apesar do barulho da oposição, o prefeito contou com sua base governista para aprovar os dois projetos sem muitas dificuldades, como vem ocorrendo com outras propostas do Executivo na Câmara nos últimos três anos e três meses.
A oposição apresentou emendas, usou todo o tempo necessário na sessão, mas saiu com a derrota na votação. A repercussão do empréstimo em meio ao coronavírus, porém, seguiu forte.
No final da noite, o Gean reagiu ao desgaste do tema. Divulgou a decisão de abrir mão de parte de seus salários, além de ordenar o mesmo para o vice e o secretariado, para destinar os recursos ao combate ao coronavírus.
No vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito estava ao lado do presidente da Câmara, Fabio Braga, em uma gravação feita antes da sessão e divulgada antes do seu término. Assim que o resultado da aprovação do empréstimo era anunciado pela oposição, a prefeitura contra-atacava com o corte dos salários.
O momento, porém, não pede a disputa política para saber quem sai mais fortalecido na Capital depois desta quinta-feira, 2 de abril. Os projetos de empréstimos careciam de uma discussão intensa, afinal o valor não vem de graça e logo baterá à porta dos cofres públicos diante de uma perspectiva futura de aperto financeiro para as prefeituras. O anúncio da redução salarial é bem-vindo e também não deve ser usado como marketing ou vantagem no embate entre os dois lados. No atual cenário, a política precisa ficar de lado.