As tarifas do transporte público

As tarifas do transporte público

Foto: Facebook

Artigo de Bernardo Meyer
Coordenador do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC

A mobilidade urbana tem se constituído em um dos problemas mais agudos da região metropolitana de Florianópolis. Um dos importantes causadores desse quadro está no elevado índice de uso de modos individuais no deslocamento diário daqueles que vivem e trabalham na região. Aliás, deve-se destacar que o índice de uso de automóvel na Grande Florianópolis é o mais elevado dentre as regiões metropolitanas das capitais brasileiras.

No intuito de modificar esse quadro, e enquanto não são realizados investimentos em infraestrutura para melhorar a qualidade do transporte coletivo na região, em que se destacam os corredores exclusivos de ônibus, se poderia experimentar da utilização mecanismos de indução de demanda por meio de reduções das tarifas do transporte coletivo. A diminuição do valor da passagem do transporte público certamente contribuiria para estimular as pessoas usarem o transporte público.

Tal redução poderia se dar de forma pontual, em dias, horários e trajetos, ou mesmo de forma indiscriminada. Experimentos dessa natureza vem sendo utilizados em diferentes partes do mundo. Curitiba, por exemplo, anunciou resultados positivos da redução tarifária aplicada em linhas de maior evasão de passageiros. Hannover, Münster e Berlim, na Alemanha, e Kansas City, nos Estados Unidos, por sua vez, anunciaram transporte público com tarifa zero.

Essas políticas tem potencial de atrair as pessoas para o transporte público aumentando o número de usuários e, consequentemente, reduzindo a quantidade de carros nas ruas. Os impactos seriam significativos em relação a redução de congestionamentos, dos acidentes de trânsito e de poluição atmosférica, como também do aumento do poder aquisitivo. Além de ser uma ação de combate à fuga de usuários do sistema de transporte coletivo que assola muitos centros urbanos do mundo.

É preciso pensar em novas alternativas para reverter o quadro de imobilidade que a região encontra-se submetida. Na medida em que se caminha para a discussão de novo reajuste tarifário para as passagens de transporte coletivo, faz-se necessário inovar e propor medidas que permitam melhorar a qualidade de vida de sua população por meio da redução das tarifas.

(ND, 17/01/2020)