16 out FloripAmanhã participa de projeto de extensão de gastronomia no Maciço do Morro da Cruz
Foi formalizada na última sexta-feira (11/10) a manifestação de interesse da Associação FloripAmanhã em participar do projeto “Fortalecimento da Cozinha Local do Morro do Mocotó e Monte Serrat”, que será realizado pelo grupo de Pesquisa, Gastronomia e Cultura do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina).
A reunião de formalização contou com representantes da Associação, do IFSC, do Instituto Vilson Groh, e da Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM). “Fizemos um acordo de cooperação e vamos trabalhar todos juntos. É uma comunidade que precisa de muito apoio”, salienta a presidente da FloripAmanhã, Anita Pires.
O objetivo é aprimorar, manter e valorizar a cozinha local por meio da criação de condições para o desenvolvimento de trabalho para as pessoas da comunidade e crescimento econômico, auxiliando na redução das desigualdades e na erradicação da pobreza. Tudo isso faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “O IFSC vai fazer diversas oficinas de gastronomia, buscar as mulheres cozinheiras e resgatar o tipo de alimentação, comidas, receitas e temperos que essas mulheres herdaram das avós”, explica Anita.
Transmissão de conhecimento
O projeto de extensão está sendo coordenado pelas professoras de gastronomia do campus Continente, Silvana Müller e Anita Ronchetti. O trabalho já foi iniciado no Mocotó, onde está sendo montada uma cozinha pedagógica numa casa da ACAM com a supervisão do IFSC.
De acordo com Silvana, os professores de gastronomia do IFSC vão dar aulas na comunidade. Os alunos serão capacitados a dar aulas também. Por último, serão capacitados os moradores da comunidade para que eles continuem dando aulas no local e transmitindo conhecimento.
A valorização dos saberes e fazeres locais é um dos principais objetivos para Silvana. “Significa valorizar pessoas, conhecimento, cultura, identidade e história local”, diz a coordenadora. Segundo ela, o Mocotó já tem isso na raiz porque poucas pessoas sabem que o nome da comunidade vem de um prato.
Ela conta que subiram a comunidade para aprender a receita especial de lá com as cozinheiras antigas. “Mas esse saber está se perdendo e vamos devolver isso para as novas gerações, ensinando primeiro esse prato”, diz. “É uma receita importante e pode, por exemplo, ser uma grande possibilidade de renda, auxiliando no resgate daquelas mulheres”, explica.
O projeto faz parte do intercâmbio com a cidade de Popayan, na Colômbia. De acordo com Anita Pires, o antropólogo Carlos Humberto Illera Montoya, da Universidade de Cauca, virá para Florianópolis ajudar a pensar o projeto aqui, compartilhando a experiência desenvolvida no seu país de resgate do saber das cozinheiras. “Queremos que eles compartilhem com a gente a forma de fazer, como foi realizada a pesquisa, o trabalho na Colômbia”, afirma Anita.
Como será a participação da FloripAmanhã
A participação da Associação Floripamanhã no projeto de extensão se dará com:
- Inclusão da ação como “Boa Prática” da cidade de Florianópolis, com potencial de replicabilidade nas outras cidades integrantes da Rede Mundial de Cidades Criativas UNESCO da Gastronomia;
- Difusão e divulgação da ação dentro do Fórum ECRIATIVA – Sub Rede Brasileira das Cidades Criativa UNESCO de todos os campos criativos;
- Articulação e apoio de eventuais parcerias com outras entidades, empresas e/ou integrantes da Confraria do Programa Florianópolis Cidade Criativa UNESCO da Gastronomia, para potencializar e/ou viabilizar ações;
- Estímulo e articulação para a participação da Cozinha Local do Maciço do Morro da Cruz e do Monte Serrat em eventos, feiras e/ou festivais gastronômicos organizados pelo Programa Florianópolis Cidade Criativa UNESCO da Gastronomia.
- Comunicação e divulgação das ações realizadas para dar ampla visibilidade ao projeto;
De acordo com Anita Pires, o trabalho na comunidade vai começar pela gastronomia, mas estão pensando num projeto maior, que atinja questões ambientais, como o lixo, entre outras. “A integração do Centro da cidade e organizações, como o IFSC e os jovens da comunidade é muito importante. Eles têm o direito a ter acesso a essa formação para ter um bom trabalho”, conclui Anita.