18 set Workshop Ressacada faz o planejamento do entorno do novo aeroporto
A Associação FloripAmanhã participou do Workshop Ressacada, que levantou ideias e sugestões para o planejamento da região ao redor da Fazenda da Universidade Federal de Santa Catarina e do Aeroporto, na Tapera e Carianos, refletindo diretamente em todo o sul da ilha (da Caieira ao Campeche e da Costeira à Armação).
O encontro reuniu especialistas em diversas áreas, professores, alunos, representantes da comunidade, órgãos públicos, empresários e a sociedade civil organizada entre os dias 9 e 13 de setembro na Fazenda UFSC, na Tapera, e foi organizado pelo curso de Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC, junto com a Fazenda Experimental da Ressacada (UFSC Tapera) e com o Floripa Airport. Novos encontros estão sendo planejados e a apresentação final dos trabalhos deve acontecer no novo terminal do aeroporto.
A oficina contou com oito grupos de trabalho, sendo que a FloripAmanhã participou de três: desenvolvimento econômico inteligente; meio ambiente e lugar inteligente (que visa transformar a cidade em lugares mais agradáveis, com a preservação do meio ambiente) e mobilidade inteligente. Também participaram dos grupos de trabalhos as seguintes entidades: Associação dos Maricultores do Ribeirão, CDL, AMOSAD – Carianos, UFSC-CCA, Amomap – Tapera, CEPEAGRO, UnoChapecó, FCC, LabCHIS, FLORAM, AMOCAM – Campeche, UNISUL, Gabinete Câmara de Vereadores, SDES, TCE-SC, Conselho de Saneamento Básico (e CCCosta), IPUF, TJMG, ATA-B.Cocais e UFSC-FEESC.
“Conseguimos fazer boa avaliação do potencial da região, com a mudança do terminal e o impacto positivo no sul da ilha se o planejamento for bem feito. Identificamos uma série de oportunidades e desafios. A preocupação é que o sul da ilha não tenha mesmos problemas de crescimento desordenado sem visão de cidades humanas inteligentes como aconteceu no norte”, explica Neri dos Santos, associado da FloripAmanhã, que participou do Grupo de Trabalho Economia Inteligente. De acordo com ele mais tardar no mês de outubro será apresentado o relatório final do workshop para a prefeitura, Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, governo do estado, Floripa Airport, Floripamanhã, Universidade Federal de Santa Catarina e sociedade em geral.
Para Neri dos Santos, o mais importante são os projetos estruturantes, aqueles que tem como fundamento as diretrizes de cidades humanas inteligentes humanas e sustentáveis. “São as diretrizes relacionadas com economia inteligente, meio ambiente inteligente, lugar inteligente, pessoas inteligentes e capacitadas, mobilidade inteligente, inclusão social inteligente, segurança inteligente e turismo, patrimônio histórico e artístico e lazer da região inteligente”, diz Neri, explicando que estas são as dimensões definidas pela União Européia para cidades inteligentes.
A utilização de uma parte do terreno da Fazenda Ressacada, da UFSC, com 1,5 milhão de m2, para algum empreendimento social foi uma das ideias do workshop, segundo Neri dos Santos. A sugestão é que tenha atendimento a comunidade mais carente com empreendimento para a formação de meninos e meninas na área de esporte e capacitação em tecnologias emergentes, para que possam se inserir no ecossistema de empreendedorismo.
Max Thiermann, associado da FloripAmanhã que participou do grupo de trabalho Desenvolvimento Econômico e social, relata que o workshop foi uma oportunidade para trabalhar com diferentes quadros, com empresários, pesquisadores. professores, alunos e comunidade. “Do ponto de vista econômico tem perspectivas incríveis para a maricultura, por exemplo”, diz. De acordo com ele a maricultura desenvolvida no sul da ilha pode ser incorporada aos mercados nacionais e internacionais, com a logística do aeroporto, assim como os cultivos agrícolas. “É importante aproveitar a Fazenda UFSC para orientar os produtores para exportação”, defende.
Outra ideia do grupo é ter um pequeno porto perto aeroporto, onde está a base aérea. “É preciso procurar uma área adequada para um porto intermodal para todos os desembarques da maricultura e para que produções diversas possam ser transportadas até o aeroporto”, diz. A ideia é que esse porto possa ter também catamarãs para deslocamento de pessoas e seja interligado ao centro e itacorubi por BRT.
Os resultados do workshop servirão de base para políticas e ações a serem implementadas. “Ao contrário de outros eventos semelhantes, este parece que quer ir além de meramente apresentar projetos para os governos guardarem na gaveta. Muitas iniciativas poderão ser empreendidas sem a dependência exclusiva de governos. A sociedade está se acostumando a não esperar todas as soluções dos governos e nem das decisões políticas de realizar o que é de interesse da maioria das comunidades envolvidas”, afirma Joaquim Nóbrega, associado da FloripAmanhã que também participou do workshop.
De acordo com Nóbrega, um empreendimento do porte do novo aeroporto internacional, quatro vezes maior do que o atual, tem sido aproveitado em outras partes do mundo como um pólo de desenvolvimento da região onde está inserido. “Aproveitaram a oportunidade da inauguração do novo aeroporto para pensar sobre como desenvolver este novo pólo de desenvolvimento. Isto envolve o equilíbrio entre vários interesses envolvidos. O objetivo é não se cometer os erros de outros casos semelhantes, que afastou as populações locais e privilegiou, por exemplo, o mercado especulativo imobiliário”, diz.
Também publicado em Riozinho, 19/09/2019