Fórum Econômico Mundial divulga estudo sobre habitação acessível nas cidades

Fórum Econômico Mundial divulga estudo sobre habitação acessível nas cidades

Um dos temas discutidos no último Fórum Econômico Mundial (FEM) foi a habitação. O encontro anual acontece em Davos, na Suíça, e reúne líderes mundiais da política e dos negócios para buscar soluções por um mundo melhor. Como resultado das discussões da conferência, a organização do Fórum publicou um estudo sobre o fomento de moradias acessíveis nas cidades.

O estudo lembra que o mercado da moradia é afetado não só por condições de mercado, mas também por fatores sócio-políticos, ambientais e pelo marco regulatório dos países e cidades. Buscar solução para o desafio da moradia requer um entendimento amplo do que constitui acessibilidade e dos fatores que a influenciam. Para isso, o estudo explora o cenário da demanda e o da oferta de habitações nas cidades.

No cenário da oferta, a pesquisa analisa a aquisição e regulamentação de terras, a modernização do processo de posse de imóveis, modelos de financiamento e custos de projeto e de desenvolvimento. No lado da demanda, as questões incluem como determinar a elegibilidade para habitação sociais, os modelos de posse para diferentes regiões demográficas e o provimento de acesso apropriado ao crédito. O estudo fornece recomendações para lidar com cada um desses desafios, com estratégias a longo prazo que diminuam a dependência governamental e estimule estratégias comerciais de habitação acessível.

A questão da acessibilidade é vista não só sob o aspecto de aquisição de moradia, mas também é sobre conseguir mantê-la, o que abrange transporte, infraestrutura e serviços.

Como primeiro desafio do contexto da oferta de habitações, a pesquisa elenca o processo de obtenção de terras e de titulação. O estudo apresenta três estratégias inovadoras de aquisição: a conjugação (land-pooling), pela qual um terreno subutilizado é trocado por outro menor; centrar o foco mais na garantia dos direitos de propriedade, como o de não ser despejado, do que na formalização dos títulos de propriedade; e dar preferência às parcerias entre bancos municipais e fundos comunitários de terra, para que comprem terras inutilizadas e as preparem para o desenvolvimento.

O uso da terra é o segundo desafio observado no fornecimento de moradia. Para otimizar a posse dos espaços, o estudo discute estratégias relativas à mobilidade urbana, de modo que a expansão das cidades seja planejada com base na infraestrutura do transporte. A análise também aborda incentivos de investidores e gestores para maximizar o potencial de casa zona urbana; equilibrar a relação entre a renda, a proximidade do trabalho dos moradores e os serviços de vizinhança; e aplicar mecanismos tributários que taxem o valor das terras e não da propriedade.

O terceiro desafio é o processo de financiamento. O Fórum faz recomendações sobre concessões, incentivos e isenções fiscais e também linhas de crédito a organizações comunitárias voltadas à moradia. Em relação aos investidores privados, sugere padrões regulatórios e modelos de financiamento como fundos imobiliários e microcréditos.

O último ponto de discussão quanto à oferta de moradia foi como as habitações podem tornar-se mais acessíveis pela diminuição dos custos da construção. Os custos de projeto e construção podem ser reduzidos pelo emprego de tecnologias que diminuam a burocracia, otimizem a construção e a manutenção e desenvolvam materiais mais baratos. Outro fator que encarece a construção é a escassez de profissionais qualificados, o que pode ser sanado por parcerias público-privadas voltadas à capacitação.

Do ponto de vista da demanda, recomenda-se a diversificação das formas de propriedade para além do sistema binário de posse ou aluguel, como o incentivo à moradia compartilhada. Os auxílios à demanda devem ser concedidos com o cuidado de que soluções imediatas não sejam prejudiciais a longo prazo, por exemplo, criando moradias acessíveis agora, mas inacessíveis na revenda. Entre os mecanismos aptos a compensar esse risco estão o resgate e a retenção de subsídios.

Por fim, o estudo faz recomendações a cada agente da cadeia da moradia. Os governos locais devem redefinir seus planos a longo prazo para suprir a demanda de moradias acessíveis, priorizar a infraestrutura habitacional e a melhoria das condições de quem vive na informalidade e regule um bom ambiente para as organizações não lucrativas e a iniciativa privada. O setor privado deve buscar as inovações tecnológicas que barateiem os custos e diversifiquem os modelos de posse. O estudo concluí que as organizações não-governamentais têm um papel-chave: mediar os espaços entre os poderes público e privado para garantir a acessibilidade da moradia e dialogar com os cidadãos para os ajudar a entender as opções disponíveis.

Com informações do Estadão.

(CAUBR, 19/06/2019)