Ciclovia na BR-101

Ciclovia na BR-101

Artigo de Fabiano Faga Pacheco
Diretor Geral da AMoBici (Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis)

Três ciclistas morreram atro­pelados na BR-101 na Grande Florianópolis em menos de 24h em maio. Dois deles usavam a bicicleta como meio de transporte.

Tendo em vista a ausência de in­fraestrutura para a promoção de um trânsito mais seguro e humano nas rodovias, cabe o questiona­mento: onde está a ciclovia pre­vista nas marginais da BR-101 pelo Plano de Mobilidade Urbana Sus­tentável da Grande Florianópolis (PLAMUS)? Qual o planejamento do DNIT e qual o cronograma da Autopista Litoral Sul para a sua execução?

Qual a mensagem que a Polícia Rodoviária Federal passa à socie­dade quando declara que os ci­clistas devem evitar circular pelo acostamento? O Código de Trân­sito Brasileiro (Lei n. 9.503/97) dá direito – e prioridade – a pedestres e ciclistas transitarem. Por que culpar o ciclista pela infração dos motoristas? Por que não propor­cionar a segurança prevista na lei?

Quais as consequências para o transporte ativo que os gestores públicos imaginam gerar com a retirada de acostamento das BRs sem antes – antes! – terem cons­truído infraestrutura para ciclistas e pedestres no local? Somos to­talmente contrários à retirada do acostamento das BRs 101 e 282 sem antes termos estruturas seguras e adequadas para quem almeja se utilizar da bicicleta na região.

O contorno viário da Grande Flo­rianópolis está sendo planejado sem considerar pedestres e ciclis­tas. Por que razão repetir os erros das BRs? Isso não reflete a reali­dade histórica: os ciclistas estarão lá! Inseguros!

Aos prefeitos da Grande Floria­nópolis indagamos o que se está fazendo para dar segurança aos ciclistas e pedestres através da engenharia, da educação, do en­corajamento, da aplicação da lei e da avaliação de suas ações e não -ações?

Está na hora dos gestores públicos valorizarem e encorajarem a ci­clabilidade e a caminhabilidade. É preciso dar segurança a pedestres e ciclistas. Não será estimulando o uso do automóvel particular que se estará contribuindo para a melho­ria da mobilidade urbana. O ciclo­cídio não pode continuar!

(ND, 16/05/2019)