03 abr Moradores querem parque público em lugar de empreendimento na Lagoa da Conceição
A comunidade da Lagoa da Conceição se mobilizou novamente no último final de semana para buscar a criação de um parque público na última área livre que restou do local, em frente ao TILAG (Termina de Integração da Lagoa). O desejo comunitário bate de frente com a proposta de construção de um shopping center em um terreno de 115 mil metros quadrados conhecido como Vassourão.
O argumento é de que o empreendimento pode acarretar problemas como comprometimento ambiental da região, saturação do sistema viário local e até a perda da identidade do cartão postal da cidade.
Organizados pelo Movimento em Defesa do Parque da Lagoa da Conceição, os moradores solicitam uma série de medidas dos órgãos públicos como a desapropriação da área pertencente a uma empresa particular, a paralisação de todos os procedimentos de licenciamento do empreendimento junto aos órgãos ambientais (Floram e IMA), além de uma nova audiência pública com a efetiva participação da comunidade, diferente do encontro realizado em fevereiro e sediado na ACIF(Associação Comercial e Industrial de Florianópolis).
Atualmente, a área do Vassourão é ocupada pela comunidade como passagem e ligação entre o Centrinho da Lagoa, os condomínios Village I, II e III, o LIC, Saulo Ramos e todo o Canto da Lagoa. Essa mesma área também é utilizada há quase três décadas como área de pouso dos praticantes de vôo livre, atividade que o risco de desaparecer.
“O terreno do “vassourão” representa a última esperança de criação do Parque da Lagoa da Conceição, que atenda às comunidades do bairro e a população de Florianópolis. É consenso que o principal visitante da Lagoa da Conceição, ao longo de todo o ano, é o próprio morador da Capital, tanto da Ilha como do Continente. O Parque, portanto, será de todos, de uso público, gratuito e coletivo”, destaca o ofício encaminhado pelo Movimento em Defesa do Parque da Lagoa da Conceição.
A reivindicação da comunidade encontra respaldo legal no artigo 225 da Constituição Federal, de 1988, que preceitua a defesa por áreas verdes como forma de planejamento urbano e nas legislações que tratam do parcelamento do solo e que oferecem a possibilidade de integração de áreas verdes ao domínio público. Contatado pela reportagem do ND, o IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) só vai se manifestar nesta quarta-feira sobre o assunto.
Enquanto o Movimento em Defesa do Parque da Lagoa da Conceição busca as vias legais para reivindicar o parque público, comerciantes locais têm diferentes pontos de vista para a discussão que é, no mínimo, polêmica.
Morador da Lagoa da Conceição, Carlos Roberto Cruz conhece bem toda luta da comunidade pela criação no parque público em um local que já é utilizado pela comunidade. “A cidade ganha muito mais com o parque do que com o shopping”, afirma.
O comerciante João Carlos Agradem trabalha em frente ao terreno do Vassourão e se diz contrário ao mega empreendimento. “Imagina o transtorno que não será criado. Eu acho que deveria ser preservada essa área. Para que mais construções na Lagoa?, pergunta, lembrando as obras que deverão ser realizadas na avenida da Rendeiras.
A comerciante Maiara Rodrigues se declara bem dividida em relação ao assunto, pois não sabe qual será o impacto do shopping em relação ao comércio local. “O Shopping pode trazer mais gente para a Lagoa, mas pode diminuir minha demanda. Ainda tem a questão de mobilidade, pois não sei se vai alterar muito o trânsito”, explica.
Uma outra comerciante que preferiu não se identificar também tem dois pontos de vista sobre o assunto. “É uma área privada e sendo assim quem sou eu para dizer o que eles tem que fazer no local?”, questiona. Por outro lado, ela reconhece que o empreendimento pode provocar problemas urbanos. “Eu acho que Florianópolis não comporta mais nada, mas faltam muitas coisas na Lagoa”, completa.
(ND, 02/04/2019)