04 abr IMA realiza Workshop para proteção do mamífero mais raro do planeta!
Você sabia que o mamífero mais raro do planeta vive em Santa Catarina? É isso mesmo. O preá-de-moleques-do-sul é uma espécie da ordem dos roedores que não ocorre em nenhum outro lugar do mundo, somente em uma das ilhas do Arquipélago de Moleques do Sul, que está nos limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, a maior Unidade de Conservação de Santa Catarina, administrada pelo IMA.
Os preás são mamíferos da ordem dos roedores que possuem corpo robusto, orelha curta e sem cauda. Os preás-de-moleques-do-sul, com nome científico de Cavia intermedia, diferenciam-se pelas medidas do crânio, uma calosidade bem particular nas patas traseiras e é a única do gênero com número de cromossomos diferente.
Considerado o mamífero com menor distribuição no planeta, está entre os 20 pequenos mamíferos mais ameaçados de extinção no mundo em todos os níveis (global, nacional e estadual). Por isso, o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) coordena a elaboração do Plano Estadual de Conservação do preá-de-moleques-do-sul. Uma das ações é a realização de Workshop a partir desta terça-feira, 08 de abril, para o desenvolvimento do documento que tem como foco a preservação da espécie.
O workshop que ocorre de 09 a 11 de abril no Morro das Pedras Clube Hotel, em Florianópolis, conta com o apoio do Instituto Tabuleiro, Caipora (Cooperativa para Conservação da Natureza), SMSG (Grupo Especializado em Pequenos Mamíferos da União Internacional para Conservação da Natureza) e tem patrocínio da Fundação Boticário.
Mais sobre os preás-de-moleques-do-sul
O preá-de-moleques-do-sul é reconhecido há poucas décadas pela ciência. Em 1989, pesquisadores que estudavam as aves do arquipélago realizaram o primeiro registro, mas inicialmente o animal foi confundido como outra espécie de preá que ocorre no continente. Em 1991, foram assinaladas as diferenças que apontavam tratar-se de uma nova espécie. Dez anos depois, em 1999, foi publicado um artigo que descreveu o preá-de-moleques-do-sul com o nome de Cavia intermedia, sendo intermedia devido às características intermediárias entre as duas espécies, como medidas externas, cranianas e coloração.
A hipótese mais aceita para a origem do preá-de-moleques-do-sul é o processo de especiação (processo de formação de uma ou mais espécies novas a partir de uma espécie preexistente) depois do isolamento na ilha de um grupo de preás proveniente do continente. Este isolamento deve ter ocorrido durante a origem destas ilhas há cerca de oito mil anos e foi o tempo suficiente para a sua diferenciação.
A população de preá-de-moleques-do-sul gira em torno de 50 indivíduos, flutuando entre 30 e 60 de acordo com o nascimento e a morte dos indivíduos ao longo do ano. Os nascimentos ocorrem todo o ano, especialmente, nas estações quentes e a gestação dura entre 30 e 60 dias que pode resultar no nascimento de um ou dois filhotes. A expectativa de vida dos indivíduos desta espécie é de aproximadamente 400 dias.
O preá não tem predadores naturais da Ilha, sua maior ameaça é a interação com o homem. A espécie Cavia intermedia é um patrimônio natural e científico sob responsabilidade catarinense.
Família Caviidae
A família a que pertence o preá-de-moleques-do-sul inclui espécies bastantes conhecidas, como a capivara, o maior roedor do mundo, e o porquinho-da-índia. Ao todo são 18 espécies exclusivas da América do Sul. O gênero Cavia possui seis espécies selvagens e uma doméstica, o porquinho-da-índia. Destas, cinco são registradas em Santa Catarina. Há registros da introdução do porquinho-da-índia na Ilha dos Cardos, também pertencente ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Por não ser natural do ambiente é considerado uma espécie exótica.
Arquipélago de Moleques do Sul
O arquipélago é composto por três ilhas localizadas a 8,25km a sudeste da Ponta das Andorinhas (sudeste da Ilha de Santa Catarina) e a 14km do continente sul-americano. A maior ilha, onde se encontra o preá-de-moleques-do-sul, possui 9,7 hectares de área, é considerada o principal abrigo para a reprodução de aves marinhas da costa catarinense e inclui 31 espécies de aves, com destaque para os atobás, as gaivotas e as fragatas. No local, existe apenas uma espécie de mamífero, o Cavia intermedia, e uma espécie de réptil, a cobra-de-duas-cabeças, também endêmica da Ilha.
Texto baseado na Apostila “Preá-de-moleques, o mamífero mais raro do planeta!” de autoria de Haliskarla Moreira de Sá, Lauro da Cunha Narciso e Carlos Henrique Salvador. Realização do Instituto Tabuleiro, do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e do IMA.
(IMA, 03/04/2019)