18 mar Projeto sobre cães nas praias é risco à saúde pública, afirma conselho veterinário
Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 17/03/2019)
Depois de aprovado em primeira votação na quinta-feira, entra novamente na pauta nesta segunda-feira (18) o polêmico projeto que cria áreas reservadas para cães nas praias de Florianópolis.
A iniciativa da vereadora Maria da Graça Dutra (MDB) é repudiada pelo presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Marcos Vinícius de Oliveira Nunes.
À coluna, ele falou sobre os riscos à saúde pública caso a proposta vire lei municipal. No verão, o CRMV-SC lançou a campanha “Praia não é lugar pra cachorro”.
Por quê o Conselho Regional de Medicina Veterinária é contrário ao projeto que cria áreas para cães em praias de Florianópolis?
Por duas questões principais. A primeira está relacionada ao risco de doenças os animais e os seres humanos. São verminoses, micoses, acarioses (sarna) e viroses que podem ter a transmissão potencializada pelo ambiente de praia.
E o segundo ponto?
Está relacionado ao bem-estar animal. O que, num primeiro momento, pode parecer diversão para o cão pode transformar-se em grande transtorno. Existem diversas raças; cada uma com sua característica e com sensibilidade diferente à exposição aos perigos que encontramos nesse ambiente. Algumas raças são mais sensíveis a problemas oftalmológicos em razão da areia que o vento carrega para os olhos; outras mais propensas a problemas dermatológicos, otites, desidratação e insolação. Animais de pele clara são mais sensíveis a câncer de pele, os de focinho curto se afogam com mais facilidade. Enfim, existe uma infinidade de riscos.
Quais os principais riscos à saúde pública?
É a transmissão de doenças. Infecções por larva migrans cutânea, popularmente conhecida por “bicho geográfico”, sarnas e micoses estão entre as mais comuns.
Durante a tramitação do projeto, o conselho subsidiou e alertou a Câmara sobre essas questões, mas foi ignorado?
Sim. O CRMV-SC enviou justificativa técnica contrária ao projeto de lei, mas essas importantes questões colocadas acima não foram consideradas pelo Legislativo municipal. Esperamos que as pessoas sejam responsáveis com seus animais e com a coletividade e não se exponham a riscos desnecessários. É importante ressaltar que, além dos impactos à saúde animal e humana, os tratamentos de qualquer uma dessas doenças acarretam em custos desnecessários para os proprietários de animais e para o SUS (Sistema único de Saúde).