Restaurante de Santa Catarina é o primeiro do Brasil a receber o certificado Lixo Zero

Restaurante de Santa Catarina é o primeiro do Brasil a receber o certificado Lixo Zero

Talheres de bagaço de cana-de-açúcar, sucos servidos em pote de conservas reutilizados, e ausência total de plástico. Esses são alguns dos detalhes que levaram o restaurante Origem, em Florianópolis, a receber o certificado Lixo Zero, concedido pelo Instituto Lixo Zero Brasil.

Para conquistar o certificado, o estabelecimento precisou se adequar a uma série de rotinas que garantissem a produção de apenas 10% de rejeitos. Ou seja, pelo menos 90% do lixo deve ser desviado do aterro sanitário e ser destinado corretamente.

O restaurante foi o primeiro no Brasil a atingir o marco e hoje produz apenas 9% de rejeitos. Além de eliminar plásticos e materiais descartáveis, o estabelecimento busca alternativas ao uso de utensílios do dia a dia na cozinha, como uma esponja feita a partir de rede de pesca para substituir a tradicional esponja de lavar louças.

— Nós sentimos dificuldade em algumas substituições, por exemplo, como guardar o alimento sem utilizar filme plástico ou alumínio. Mas os próprios clientes surgem com novas sugestões e dicas do que substituir. Então ainda estamos num processo de mudança e aos poucos vamos mudando as formas de produção — afirma Joana Wosgrau, sócia do restaurante.

Segundo Arthur Ferreira dos Santos, um dos sócios, muito ainda pode ser feito.

— O certificado é apenas sobre a gestão do resíduo sólido, então só o que sobra de lixo. Mas quando a gente fala sobre a produção de lixo e impacto ambiental, entende também a forma como consome energia, como gere a questão da água. Então hoje estamos trabalhando em duas frentes: buscando esses 9% que faltam em relação ao lixo sólido e estamos estudando a implementação de energia solar e a captação da água da chuva.

Engajando a vizinhança
Além de aplicar os conceitos de Lixo Zero na produção diária, os três sócios querem alcançar o maior número de pessoas e realizar o papel de educadores.

— A gente sempre chamou aqui de Casa Origem, que é justamente com essa ideia de ter ambientes que tragam além da comida. Por exemplo, queremos ter aqui um espaço com produtos e ingredientes para produção caseira de cosméticos — comentou Alexandra Lemos, a terceira sócia do restaurante.

— Comida é o jeito que encontramos de chegar ao público. Nós queremos ser a mudança do mundo da forma mais gostosa possível: comendo. A gente é uma empresa de conscientização e a nossa forma de passar isso para as pessoas é o alimento — completou Arthur.

As mesas são feitas com madeira de reflorestamento e os bancos e encostos montados com paletes (Foto: Cristiano Estrela)
Com esse objetivo, os três decidiram mudar a realidade de toda a rua onde está localizado o restaurante. Com um projeto que deram o nome de Semente, eles engajaram os vizinhos a depositar o lixo orgânicos das residências em bombonas que disponibilizaram na rua, e levam esse resíduo para compostagem.

— Em cerca de três meses nós levamos uma tonelada de lixo orgânico para a compostagem. Isso significa, para os cofres públicos, uma economia de R$ 150. E isso é só uma rua, num bairro de Florianópolis, com 24 casas. Imagina em larga escala o que não pode ser feito — concluiu Arthur.

Serviço
Restaurante Origem
Local: Rua Doutor Agostinho Sielski, 134, Bairro Santa Mônica — Florianópolis
Horários: De segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 14h

(Revista Versar, 11/01/2019)