21 nov Sociólogo italiano De Masi alerta que a falta de segurança afeta o turismo
Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 21/11/2018)
Autor da célebre expressão “ócio criativo” o sociólogo italiano Domenico De Masi, em palestra ontem no Costão do Santinho, em Florianópolis, disse que o turismo no Brasil tem um grande potencial pelas características da natureza e do povo brasileiro, mas fez importante alerta sobre a falta de segurança no país. Segundo ele, entre ricos e pobres nenhum turista vai a lugar onde há violência.
– A violência é o grande inimigo do turismo – chamou a atenção o sociólogo que sucedeu o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, como palestrante no Exame Fórum Turismo, realizado ontem pelo ministério em parceria com a publicação.
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Com seu estilo de citar números, De Masi destacou que as pessoas têm cerca de 30% do tempo para fazer turismo e isso gera oportunidades econômicas. Para ele, as pessoas aposentadas são viajantes potenciais e, ao longo de uma vida, somente nos dois últimos anos a maioria fica sem poder viajar devido a problemas de saúde.
– Em 2030, chegaremos a viver até 788 mil horas em relação as atuais 727 milhões. As pessoas mais longevas serão aquelas escolarizadas, com relações sociais mais intensas – afirmou.
Sobre as razões pelas quais ele vê potencial no turismo brasileiro ele citou a alegria, musicalidade, solidariedade e sensualidade do povo brasileiro, o que não tem em outros lugares do mundo. Ainda sobre potencial econômico, o italiano disse que na França o turismo responde por 13% do PIB, na Itália 11% e no Brasil, 4%, o que indica que pode avançar muito ainda (em SC é 12,5%).
Questionado sobre expectativas para o governo de Jair Bolsonaro, De Masi preferiu falar sobre a situação atual da Itália, que está também dando uma guinada para a direita, o que o preocupa, em especial o tratamento aos imigrantes. O sociólogo chamou a atenção, diversas vezes, sobre a elevada concentração de riqueza no mundo, o que gera violência, essas migrações e requer mudanças.
Sobre esse tema, Lummertz disse à coluna que SC conta com uma situação diferenciada, de mais segurança. Quanto ao país, especialmente ao Rio, que sofre mais, ele afirmou que o governo eleito observou isso e está atento ao problema da violência e aos efeitos negativos em todas as áreas.