Frota de carros elétricos e híbridos em SC aumenta mais de 50% em quase dois anos

Frota de carros elétricos e híbridos em SC aumenta mais de 50% em quase dois anos

O número de carros elétricos e híbridos (motor elétrico e a combustão) em Santa Catarina aumentou em quase cinco vezes nos últimos cinco anos. Em agosto de 2014, a frota era de 158, segundo dados do Denatran, e neste ano chegou a 733. Somente entre 2017 e 2018, o salto foi de 54,3%.

Porém ainda enfrentam obstáculos e, mesmo diante do crescimento, os carros “verdes” respondem por apenas 0,01% da frota total de SC. Cenário semelhante ao brasileiro, onde os 17.273 veículos elétricos e híbridos também representam 0,01% da frota total do país.

Apesar das inúmeras vantagens – emissão zero, nenhum ruído e pouca manutenção – um dos principais desafios para a disseminação dos carros movidos a eletricidade ainda é o custo. A faixa de preço no país dos modelos parte de R$ 200 mil.

— A frota ainda é pequena, porque o preço dos carros elétricos no Brasil ainda é proibitivo. O cenário para os veículos elétricos em SC e no Brasil deve melhorar com a equiparação dos tributos que estes veículos pagam com a tributação dos veículos convencionais e isso deve ocorrer com o Rota 2030 (novo regime automotivo) que já foi aprovado — afirma Ricardo Rüther, coordenador do laboratório Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos responsáveis pelo projeto do eBus.

O veículo elétrico, totalmente alimentado por energia solar, realiza cinco viagens diárias entre o campus da UFSC e o Sapiens Parque, e já rodou, até agora, 80 mil quilômetros.

Rüther acredita que a redução de impostos dos modelos mais amigáveis ao meio ambiente, melhora da autonomia dos carros “verdes” – em média fica em torno de 200 a 300 quilômetros -, e os aumentos constantes da gasolina serão estímulos para aquisição desse tipo de transporte que ainda não é usual.

— Algumas vantagens são: o menor impacto ambiental por não queimar combustíveis fósseis e a independência do posto de gasolina (a tomada da sua casa é seu “posto de abastecimento” de energia elétrica). E custa cerca de um quarto do que é gasto por quilômetro rodado do carro a combustão — defende.

O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Guggisberg, acredita que começou um movimento de aquisição desses modelos, porque agora os preços estão mais acessíveis:

— Agora, com a baixa do dólar, isso vai ficar muito mais em conta do que já esteve. Muitas empresas estão investindo em novos modelos. O veículo elétrico carrega em casa, mas como a autonomia é limitada, você também precisa de rodovias que tem abastecimento para alcançar distâncias maiores.

Carrega em qualquer tomada de 22 volts
O empresário Cezar Carneiro Pacenko, 58 anos, aponta essa falta de pontos de abastecimento como um dos entraves para as viagens mais longas no país. Morador de Florianópolis comprou um elétrico da BMW no ano passado, depois de uma viagem à Europa, onde é comum ver estacionamentos para os modelos movidos a bateria.

Ele conta que usa principalmente na cidade e em alguns trajetos mais curtos, entre a Capital e Curitiba, por exemplo. Com autonomia de 160 quilômetros na estrada, ele recarrega em um eletroposto no caminho (um dos instalados pela Celesc e Certi).

Mas no dia a dia, usa uma tomada em casa – que, na carga lenta, leva em torno de oito horas. Pacenko avalia as questões econômicas e ambientais como vantagem.

— Em qualquer tomada 220 volts você pode carregar, como se fosse um celular. Escolhi por uma questão ambiental, além da economia. Não tem vela, troca de óleo, correia dentada, ou seja, não existe manutenção — explica o empresário.

Segundo dados do Denatran, na Capital são 152 veículos híbridos e elétricos emplacados.

Corredor elétrico em SC
Um dos incentivos para aquisição de veículos elétricos é a instalação de eletropostos (pontos de abastecimento exclusivamente elétrico), que começou a ganhar força nos últimos anos em SC. A Celesc, em parceria com a Fundação Certi, instalou sete postos desse tipo no Estado.

O corredor elétrico é formado por três pontos de abastecimento rápido, com unidades em Florianópolis, Porto Belo e Araquari; além de quatro estações semirrápidas, localizadas em Joinville, Blumenau e nas sedes da Certi e da Celesc.

As bases permitem que um motorista percorra cerca de 300 quilômetros de estradas com possibilidade de recarga. Onde há abastecimento rápido, a carga de 80% da bateria é feita em cerca de 20 minutos.

A ideia é estender o corredor de abastecimento até Curitiba em 2019, diz Marco Aurélio Gianesini, gerente do Departamento de Engenharia e Planejamento do Sistema Elétrico e coordenador de Inovação da Celesc:

— Já a interligação com o Sudeste dependerá da inclusão de novos parceiros ao projeto, devendo ocorrer em 2020.

Por enquanto, as cargas ainda são gratuitas, pois dependem de autorização da Aneel para exploração desse tipo de comercialização:

— A ideia central do projeto é criar uma infraestrutura no Estado para que as pessoas sintam-se confortáveis em sair com os seus veículos elétricos, com acesso a postos de recarga, estejam eles instalados em praças, rodovias, shoppings ou outros locais.

Carro elétrico made in SC
Santa Catarina já conta com um modelo movido 100% a eletricidade desenvolvido e produzido em Palhoça, na Grande Florianópolis. O modelo lançado neste ano pela Mobilis, o Li, está sendo usado em condomínios e indústrias e já foram 10 unidades vendidas. Mas agora a empresa trabalha no processo de homologação para lançar o carro que poderia rodar final de 2019:

— Temos mais de 400 pessoas interessadas em participar de uma pré-venda. Ele vai ser vendido a R$ 65 mil. Comparado com veículo popular a combustão, com uso normal, a gente está falando de R$ 12 mil por ano de economia em combustível e manutenção — diz o sócio da Mobilis, o engenheiro mecânico Mahatma Marostica.

O carro é automático, tem dois lugares e uma autonomia de até 100 quilômetros. Além disso, já é conectado com a internet e está pronto para novos modelos de negócio, como assinatura de carros e compartilhamento.

(DC, 19/10/2018)