Proposta de liberar caça comercial de baleias é rejeitada em Florianópolis

Proposta de liberar caça comercial de baleias é rejeitada em Florianópolis

A proposta de liberar a caça comercial das baleias, apresentada pelo Japão, foi rejeitada na manhã desta sexta-feira (14) pela Comissão Baleeira Internacional, em Florianópolis.

Foram 41 votos contrários à caça, de países como Brasil, Estados Unidos e Argentina. Houve ainda 27 votos favoráveis, de países como Japão e Islândia, que têm tradição na pesca dos mamíferos. Duas abstenções também foram registradas, da Coreia do Sul e da Rússia.

“Com a Declaração de Florianópolis, que foi aprovada ontem, as prioridades da comissão foram reorientadas, o foco total é na preservação. Nos últimos anos, o trabalho da comissão foi muito refém dessa proposta de retomar a caça. Agora, teremos mais espaço para trabalhar temas como conservação, poluição e estudar o papel das baleias no ecossistema marinho”, afirmou o diretor do Instituto Baleia Jubarte José Truda Palazzo.

A caça comercial das baleias está proibida há 32 anos, mas o país asiático, defende a revisão do regulamento e a liberação da atividade.

Declaração de Florianópolis
Na manhã de quinta, a Declaração de Florianópolis, aprovada com voto de 40 países, reafirmou a moratória de caça à baleia.

De acordo com Palazzo, a votação desta sexta ocorreu, depois de aprovada a Declaração que rejeita a proposta japonesa, por se tratar de uma proposição do Japão, um país com ampla participação no evento mas, na prática, não tinha menor chance de ser aprovada.

Conforme o Secretário Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente José Pedro de Oliveira Costa, com a declaração de Florianópolis a conservação foi colocada como uma questão prioritária pela primeira vez em 20 anos.

Caça comercial
A proposta japonesa de liberar a caça incluiria a criação de um comitê de caça sustentável, que estabeleceria cotas para definir quanto cada país poderia capturar por ano.

“Existe emalhamento frequente de baleias em rede de pesca, colisões com grandes embarcações e a poluição dos mares. E a própria mudança climática vem fazendo com que haja outros impactos e somados esses impactos à caça da baleia novamente, poderia colocar a perder o que se ganhou de pouco nesses 32 anos de moratória”, declarou o diretor do Instituto Baleia Jubarte José Truda Palazzo.

Nenhum representante da delegação japonesa quis dar entrevista. O Japão precisava de 75 % dos votos da comissão para aprovar a caça.

Protestos
A possibilidade de que a caça de baleias fosse liberada gerou protestos desde segunda (10) por parte de ambientalistas e ONGs internacionais que estão em Florianópolis para acompanhar as discussões.

Santuário
A proposta brasileira de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul foi rejeitada em votação na terça (11). Entre os contrários estão Japão, Noruega e Islândia, países que defendem a caça de baleias para pesquisa.

A área destinada seria composta pelas águas do oceano Atlântico, abaixo da linha do Equador, entre as costas da África e da América do Sul, com 20 milhões de quilômetros quadrados que abrigam 51 espécies de cetáceos.

(G1SC, 14/09/2018)