UFSC participa de processo criação do Plano de Manejo da APA da Baleia Franca

UFSC participa de processo criação do Plano de Manejo da APA da Baleia Franca

Entre os dias 16 e 19 de abril foi realizada, em Laguna (SC), a II Oficina de Planejamento Participativo (OPP) para a elaboração do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por ser uma das entidades a integrar o Conselho Gestor da APA da Baleia Franca (Conapa BF), esteve presente no evento, representada pelo professor do curso de Administração Rene Biroch.

A APA da Baleia Franca configura no cenário nacional e internacional como um dos maiores santuários para a reprodução da Baleia Franca (Eubalaena australis), abrangendo ecossistemas de floresta, dunas, praias, restingas e ecossistemas marinhos. Abriga também diversas espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, inclusive com espécies migratórias. Com aproximadamente 156.100 hectares, a APA abrange nove municípios, incluindo o litoral sul da ilha de Florianópolis, Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba, Laguna, Jaguaruna, Tubarão e o litoral norte do Balneário Rincão.

O professor Rene representa a UFSC no Conapa BF há cerca de quatro anos, após a saída do professor Paulo Freire Vieira, que atuava no Conselho desde sua criação. Segundo Rene, o plano de manejo vem sendo construído há cerca de dois anos: “Essa oficina é o resultado de um processo de consolidação de diversas diretrizes que vinham sendo dialogadas por meio de dezenas de oficinas setoriais.” Entre as questões debatidas, o pesquisador mencionou o impacto da pesca em toda a área marítima onde ficam as baleias durante o inverno. Para tentar resolver esse conflito, por exemplo, foram realizadas oficinas com pescadores artesanais. Com todos os outros setores econômicos funcionou da mesma forma: a Conapa BF também promoveu oficinas com o setor imobiliário, de mineração, de turismo, esportes etc.

“Todas essas oficinas resultaram em uma série de diretrizes que foram encaminhadas e discutidas gradativamente com seus representantes. Nesse momento, estamos priorizando a consolidação dessas diretrizes, que ainda serão revisadas do ponto de vista técnico e jurídico. Ao final desse processo será publicado e instituído o Plano de Manejo, que estabelece um conjunto de normas e usos do território”, explicou Rene.

O Plano de Manejo também gera conflitos com os planos diretores municipais: “Discutimos a prevenção e superação dos problemas potenciais que surgem nessas divergências”, relata Rene. Segundo ele, esse processo gradativo é importante pois permite o diálogo e amadurecimento entre todos os atores envolvidos. “A APA, entre os diferentes tipos de unidades de conservação, é uma das mais frágeis em termos de uso humano. Ela é bastante permissiva, pois possibilita muitos tipos de uso do território: construção de condomínios, atividades econômicas, turísticas etc. Por isso é fundamental amadurecer determinados pactos sociais. Os diferentes interesses dos atores envolvidos muitas vezes são bastante antagônicos e só é possível superar as divergências por meio do diálogo.”

Sobre a APA da Baleia Franca

Criada em 14 de setembro de 2000, a APA da Baleia Franca surgiu com o propósito de proteger a baleia franca austral em águas brasileiras; ordenar e garantir o uso racional dos recursos naturais da região; ordenar a ocupação e utilização do solo e das águas; ordenar o uso turístico e recreativo; ordenar as atividades de pesquisa; ordenar o tráfego local de embarcações e aeronaves.

Sobre o Conselho

O Conselho Gestor da APA da Baleia Franca (Conapa BF) foi criado em 23 de junho de 2006 com a finalidade de apoiar a implementação da Unidade de Conservação (UC) e o cumprimento de seus objetivos. O Conapa-BF dispõe de 42 cadeiras, sendo distribuídas paritariamente: 1/3 do setor público, 1/3 dos usuários dos recursos e 1/3 de Organizações Não-Governamentais (ONGs) de todo o território.

Seu processo de criação foi participativo, sob a coordenação de um grupo de trabalho formado pela equipe técnica da APA, o Núcleo de Educação Ambiental (NEA) do IBAMA, o Núcleo Transdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento (NMD) da UFSC, o Fórum da Agenda 21 de Ibiraquera e a Fundação Gaia. A construção coletiva do Conselho foi baseada na perspectiva metodológica da educação ambiental no processo de gestão, considerando que a oficialização de um conselho gestor não significa um produto final, mas é parte de um processo permanente em busca da efetiva gestão participativa da Unidade de Conservação.

A metodologia empregada no Conapa BF tornou-se referência nacional na Gestão Participativa de Unidades de Conservação, sendo reconhecida pelo IBAMA e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

(Ufsc, 20/04/2018)