02 abr Especialista defende atuação articulada em políticas de planejamento urbano
Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 30/03/2018)
Doutor em Geografia pela UFSC e pela Universidade Autônoma de Barcelona, Rodrigo Girardi Bocco lança em Florianópolis no dia 19 de abril o livro ‘Transporte público e mobilidade na região metropolitana de Florianópolis” (Editora Insular). Nesta sexta-feira, por telefone, ele conversou com a coluna sobre os principais desafios dos centros urbanos.
O que o senhor destaca no livro?
Falo do tema específico, mobilidade, utilizando o instrumental da geografia. O livro coloca que a estrutura de planejamento da região metropolitana não está à altura dos seus desafios. É uma região de grande complexidade territorial – como a condição insular – que exige uma atuação articulada.
Como outras cidades, dentro e fora do país, podem inspirar Florianópolis?
Eu faço, por exemplo, algumas comparações entre as políticas públicas de Barcelona e de Florianópolis. O que vi lá e também em outras cidades europeias é que a vanguarda do pensamento sobre o planejamento urbano é o sistema de transporte se adaptar à heterogeneidade dos grupos sociais, que têm padrões de mobilidade distintos. E que, lógico, isso existe após décadas e décadas de investimentos. É preciso um mix de tecnologias articuladas. Barcelona tem VLT que passa pelas áreas centrais, ônibus nas regiões baixas, que funcionam de madrugada e micro-ônibus que sobem encostas.
Qual é, na sua opinião, a discussão central quando se discute mobilidade?
Um dos grandes problemas é que as elites urbanas brasileiras pensam que se resolve o problema da mobilidade com um passe de mágica. É necessário o fortalecimento do Estado de uma forma bastante contundente. Porque a iniciativa privada não tem interesse em oferecer sozinha todo esse mix tecnológico. Na Europa, a presença maciça do Estado investindo no transporte público vem de longa data. Em Barcelona, o poder público subsidia 55% do transporte coletivo.