3º Fórum Liberdade e Democracia reuniu 800 pessoas em Florianópolis

3º Fórum Liberdade e Democracia reuniu 800 pessoas em Florianópolis

Organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de Santa Catarina (IFL/SC), entidade sem fins lucrativos, o Fórum ocorreu nesta sexta-feira, 16, e lotou o Centrosul, em Florianópolis. “Tivemos e temos uma ótima oportunidade de parar de olhar para Brasília e começar a olhar para os brasileiros. Falamos de pessoas e soluções para as cidades onde elas vivem”, avalia a presidente do IFL/SC, Giulia Baretta.

Jeffrey Towson, investidor, professor e autor do best-seller “The One Hour China Book”, abriu o encontro dizendo que daqui a cinco anos a relação entre Brasil e China será muito maior e mandou um recado aos brasileiros: “Preparem-se, quando os chineses decidem consumir algo, esse mercado cresce muito rápido”.

Towson destacou três lições fundamentais que o país oriental deixa para o Brasil: “Aprendam a acumular crescimento e riqueza, liberando o potencial humano; deixem os ambiciosos com ideias inovadoras quebrarem as regras; e não esqueçam de que a revolução digital é a grande ferramenta de transformação da economia, servindo o consumidor com qualidade e preço baixo”, disse. De acordo com a rede social LinkedIn, Towson é um dos três articulistas sobre negócios com mais seguidores online na China.

O primeiro dos quatro painéis do Fórum foi “Pensar e Inovar: o que limita nossas ideias? ”, com participação de Manoel Lemos, ex-CDO do Grupo Abril, sócio da RedPoint e.Ventures, Luiz Serafim, líder de Marketing da 3M do Brasil e Joseph Teperman, sócio-fundador da INNITI. Na sequência, Rodrigo Constantino, colunista do Jornal A Gazeta do Povo, falou sobre “Ideias de Liberdade”.

Um dos momentos mais esperados foi a palestra de Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda e um dos arquitetos do Plano Real. “Nós estamos correndo o risco de virar um país velho, antes de virar um país rico”, disse. Malan destacou números que revelam o espantoso crescimento demográfico do país aliado aos processos de urbanização nas últimas décadas. Segundo ele, todos os governos tentaram enfrentar os desafios da infraestrutura física (transporte, energia, telecomunicação, etc) e os desafios da infraestrutura humana (educação, saúde, segurança). “A grande discussão, hoje, é debater o papel do setor público e privado para lidar com esses desafios”.

Para ele não há saída para o país sem que se faça a reforma da previdência. “A reforma será feita, de um jeito ou de outro, o problema é o tempo da procrastinação para aprová-la. Isso terá um alto preço”. Segundo Malan, o foco do debate já não é mais qual é o tamanho ideal do Estado, até porque já se percebeu que um Estado muito pequeno não é a solução, mas o equacionamento das contas públicas e como fazer crescer a economia”, concluiu.

Ministro da Fazenda nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso, Malan começou a vida acadêmica na engenharia elétrica da PUC-Rio. Em seguida, fez doutorado em economia na Universidade de Berkeley, na Califórnia. No Brasil, ocupou ainda as presidências do Banco Central e do Conselho de Administração do Unibanco.

O tema do segundo painel do Fórum foi “Construir e Viver nas Cidades Brasileiras – Como Desenvolver sem Destruir”. Participaram Marcelo Gomes, diretor da Cidade Pedra Branca, e Guilherme Moretzsohn, arquiteto e urbanista. Destaque para Gomes que explicou rapidamente como se deu a criação de um bairro a partir do zero, sem nenhum incentivo público, a Cidade Pedra Branca, na Palhoça. Exemplo bem-sucedido, ela reúne características que servem de modelo para outras cidades: “é conectada e sustentável, o espaço público é atraente e seguro, o pedestre tem a prioridade de movimento, é criativa e complexa”, disse Gomes.

“Empreender e Produzir – Quem Move o Mundo?” foi o terceiro painel e reuniu nomes como Salim Mattar, fundador da Localiza, Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, e Luiz Gonzaga, fundador da C-Pack. Hélio Beltrão, conselheiro do Grupo Ultra e presidente do Instituto Mises Brasil, mediou a discussão.

Zeina Latif ressaltou que há um lado bom na crise porque ela forçou o Brasil a debater, com mais maturidade, as questões econômicas. “Agora o país tem uma agenda, a agenda de cortar gastos”. Zeina afirmou ainda que os erros dos últimos governos tiveram a conivência do setor produtivo e a complacência da oposição.

O bem-humorado Salim Mattar, dono da mais valiosa locadora de carros do mundo, insistiu que é preciso mudar o ambiente de negócios no Brasil e fez um apelo ao público: “envolvam-se na política e façam a diferença”.

O último painel fechou o evento com uma resposta política para as demandas levantadas nesta sexta-feira. João Amoedo, fundador do Partido Novo e pré-candidato à presidência da República, e Álvaro Dias, senador pelo Paraná, debateram com a mediação de Eduardo Wolf, do jornal O Estado de S. Paulo.

Para Amoedo, várias vezes aplaudido pelo público, “o governo brasileiro dá auxílios para quem menos precisa, privilégios para quem menos merece e impostos para quem mais trabalha”. Amoedo falou várias vezes sobre o risco de se acreditar em salvadores da pátria, em esperar por eles, e ressaltou a importância de “sermos todos protagonistas da transformação”.

O público, formado por empresários, profissionais liberais e muitos estudantes, ficou até às 20h30 acompanhando com interesse os debates. “Achei excelente porque a discussão se deu além das questões ideológicas e avançou para um entendimento que agora, mais do que nunca, é preciso ousar, inovar e empreender no Brasil”, disse o estudante de economia Carlos Magalhães, de 21 anos. “Foi muito inspirador”, resumiu a empresária Helena Consuelo Tavares.

(Deolhonailha, 20/03/2018)