Passagem de ônibus em Florianópolis aumentou 55% em quatro anos

Passagem de ônibus em Florianópolis aumentou 55% em quatro anos

Desde que o Consórcio Fênix assumiu a concessão do transporte coletivo de Florianópolis, em abril de 2014, em contrato previsto para 20 anos, o preço das passagens de ônibus aumentaram 55% para pagamento com cartão e 53% para o pagamento em dinheiro. O reajuste representa quase o dobro do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) no período, principal índice medidor da inflação, que foi de 28,8% nos últimos quatro anos. O assunto tem dominado a discussão na Câmara de Vereadores e motivou pedido de explicações à Secretaria de Mobilidade Urbana, que autoriza os reajustes anualmente no mês de dezembro.

Só o último reajuste, de 7,39%, que passou a vigorar em 1º de janeiro deste ano, foi mais que o dobro da inflação de 2017, que fechou em 2,95%. O pagamento em dinheiro passou para R$ 4,20 e no cartão para R$ 3,99.

Com o reajuste, se comparado o preço médio das principais capitais, Florianópolis tem tarifa de ônibus mais cara do país, ultrapassando Belo Horizonte (MG), que tem tarifa de R$ 4,05. O reajuste nos últimos anos só perde para Curitiba, que no período entre 2014 e 2018 teve um aumento de 57%. Em São Paulo, em quatro anos, a tarifa subiu 33%, enquanto em Porto Alegre os reajustes somam 34%. Já em Belo Horizonte o aumento foi parecido com o de Florianópolis, ficando em 53%.

“Queremos que a prefeitura explique esse aumento acima da inflação. Não é possível que o aumento do diesel tenha um peso tão grande na tarifa. Nós queremos esse detalhamento”, manifestou o vereador Afrânio Boppré (PSOL), que apresentou requerimento sobre o assunto na última terça-feira. Já o vereador Bruno Souza (PSB) questionou a fórmula da planilha de gastos da empresa e aponta que o modelo adotado pelo município obriga o usuário a se submeter ao que chamou de “monopólio” formado pelas mesmas empresas de ônibus que atuavam antes do Consórcio Fênix. “É um absurdo que a cidade não discuta a questão do transporte e que o reajuste das passagens chegue ao dobro da inflação. É preciso pensar em outras formas alternativas de transporte para baratear o custo aos usuários”, afirmou. O requerimento não teve a discussão encerrada na Câmara e deve ser votado depois do Carnaval.

Município aponta folha de pagamento e alta do diesel como fatores do aumento

Segundo o secretário Marcelo Roberto da Silva, de Mobilidade Urbana, o aumento da passagem de ônibus acima da inflação teve como principais fatores a alta do diesel, a folha de pagamento e investimentos no setor. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o diesel teve um aumento de 8,35% em 2017.

“Durante o ano os insumos se alteraram, fazendo necessária a reposição desses valores. Só os funcionários tiveram reajuste de 7,13% no salário. Eles representam 46% do custo do sistema de transporte. Já o diesel tem um peso de 14%”, afirmou, dizendo que a planilha de reajuste não pode ser comparada com os índices do IPCA. “São coisas diferentes. O IPCA é uma cesta de itens que inclui o transporte entre moradia, vestuário, comunicação e outros”, emendou.

(Veja Matéria completa em ND, 08/02/2018)