06 fev Autoridade sem violência em abordagem a moradores de rua no Centro de Florianópolis
Da Coluna de Marcelo Fleury (NSC, 05/02/2018)
Uma ação social integrada entre diversos entes públicos mostrou ontem, em Florianópolis, que é possível fazer uma abordagem ao mesmo tempo humana e firme em relação à ocupação de espaços públicos por moradores de rua.
Antes de seguir, é necessário um breve resumo:
Quem transita pelo Centro da cidade percebe que nas imediações do Deinfra, na Rua Deodoro, cresce a cada dia o número de barracas e lonas enfileiradas, alcançando ruas contíguas e criando um território à margem da lei.
— Aqui a gente decide. Se o cara se droga demais, a gente não deixa ele ficar. A gente expulsa — disse-me ontem Christopher Nyaga, 21 anos.
Pessoas que vivem na rua são vulneráveis, têm necessidade de acolhimento e atendimento, porém também devem respeitar limites, como, por exemplo, não criar territórios fixos, com suas próprias regras. Feito o resumo, voltemos ao que houve.
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Por volta das 6h, viaturas da Polícia Militar e da Guarda Municipal fecharam as saídas dessa espécie de campo de refugiados ao inverso. Queriam evitar que alguém saísse sem ser identificado.
De pronto, entrou na área uma força-tarefa composta por assistentes sociais da prefeitura, funcionários da Secretaria de Saúde, peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP), membros do Conselho de Segurança do Centro (Conseg) e do Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (Igeof).
A ação foi coordenada pelo Ministério Público Estadual, sob a liderança do promotor Daniel Paladino.
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A todos, foi dada a oportunidade de ir para albergues ou receber assistência para tratamento contra dependência. Dos mais de cem, porém, só quatro aceitaram algum tipo de auxílio.
— A ação é social. Queremos mostrar a essas pessoas que há assistência e lugares adequados. Mas também não podemos aceitar que o espaço público seja tomado por lonas e barracas — disse o promotor Daniel Paladino.