Projeto de mobilidade prevê colapso na Ilha caso nada seja feito até 2019

Projeto de mobilidade prevê colapso na Ilha caso nada seja feito até 2019

Da Coluna de Rafael Martini (DC, 02/12/2017)

Se tem uma coisa que beira o impossível em Florianópolis é a tal da pontualidade. Não porque os moradores da Capital sejam displicentes ou mal-educados. O motivo é pra lá de conhecido, a nossa (i)mobilidade urbana. Quem mora em São José, Palhoça ou Biguaçu, por exemplo, já sabe: para chegar no serviço, de manhã, é preciso sair de casa com no mínimo duas horas de antecedência. E torcer para que nenhum carro quebre ou ocorra alguma colisão na ponte Pedro Ivo, que dá acesso à Ilha de SC. Neste caso, o melhor é respirar fundo e respirar. O mesmo vale para os moradores do sul da Ilha.

No caso da Capital, vale aquela máxima de que nada é tão ruim que não possa piorar. O estudo do Plamus contratado pelo governo do Estado para avaliar a mobilidade traz entre as milhares de páginas um dado para lá de preocupante: se nada for feito a curto prazo, as pontes Pedro Ivo e Colombo Salles vão entrar em colapso em 2019 por conta dos congestionamentos.

A causa é simples: por conta do deficitário – para não chamar de esquizofrênico – sistema de transporte coletivo (o sujeito mora em São José, mas precisa ir ao centro de Florianópolis para voltar para casa), a Capital registra o maior percentual de motoristas nas nada organizadas vias da cidade. Enquanto a média nacional é de 32% de condutores na relação habitante/veículo, por aqui ela chega a 48%.

Além disso, na Capital o cidadão fica, em média, 44 minutos no trajeto entre a casa e o trabalho.

É uma das maiores médias entre capitais, maior até do que São Paulo, com 42,8 minutos, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). E o número de carros não para de crescer.

– Caso os municípios não compreendam com urgência esta demanda, em breve não haverá engenheiro de tráfego que dê jeito — diz o secretário de Estado do Planejamento, Murilo Flores.

O homem com a missão hercúlea de impedir que caos se instale é Cássio Taniguchi, superintendente de Desenvolvimento da Grande Florianópolis (Suderf). O ex-prefeito de Curitiba, referência em mobilidade, tem gastado toda a saliva no convencimento dos prefeitos da Grande Florianópolis sobre a importância da implantação do BRT (linhas de ônibus rápidas).

O projeto da região metropolitana foi readequado para baixar os custos, especialmente em infraestrutura, com a construção das vias rápidas. O valor caiu de R$ 1,2 bi para R$ 600 milhões. Mas para que saia do papel, ainda depende de aprovação da Assembleia e liberação de crédito junto ao BNDES.

– É preciso que os prefeitos se convençam que ou eles incorporam este projeto de mobilidade como uma questão fundamental para a região metropolitana ou assistirão congestionamentos sem fim paralisar a economia da região – afirma Taniguchi.

A prefeitura de Florianópolis também tem uma série de projetos para tentar minimamente desafogar o trânsito da Capital. Somente de BRTs serão 17 quilômetros, além da conclusão do elevado do Rio Tavares e outros projetos, que totalizam mais de R$ 300 milhões em financiamentos.

No papel as propostas prometem fazer a diferença. O problema é que não dá para sonhar com filé mignon sem nem o feijão com arroz é servido. Há quase um ano os semáforos da Capital estão fora de sincronia, causando ainda mais transtornos.

A promessa é de que o problema seja resolvido em dezembro. Caso contrário, teremos a temporada do ninguém entra, ninguém sai.