“O prazer da comida é universal”, diz presidente do Slow Food Internacional, Carlo Petri

“O prazer da comida é universal”, diz presidente do Slow Food Internacional, Carlo Petri

Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 07/11/2017)

O jornalista italiano Carlo Petrini, fundador e presidente do Slow Food Internacional, lançou nesta segunda-feira à noite, em Florianópolis, o livro “Arca do gosto brasileira”. Ele falou com a coluna sobre o movimento, surgido na década de 1980.

Um dos pilares do movimento é o prazer de comer bem. Fale um pouco a respeito.

O prazer da comida é universal. Não é só privilégio de quem tem dinheiro, é de todos. Neste momento estou aqui para apresentar um livro de produtos ameaçados de extinção no Brasil e que, sob o ponto de vista histórico, representa muito bem a trajetória desse país de imigrantes. Muitos deles são produtos que a lei não proteje.

O slow food também fala sobre a conexão com o meio ambiente, não é?

A qualidade alimentar deve ser boa, limpa e justa. Boa, natural. Limpa, porque não destrói o meio ambiente. E justa porque paga corretamente os trabalhadores. Essa é a filosofia: se há só prazer não é o suficiente. O prazer é uma condição, mas a situação atualmente é verdadeiramente problemática, porque há um aumento da má nutrição pelo mundo.

O slow food também é um contraponto à padronização e ao fast-food. Não é difícil disseminar isso numa sociedade absolutamente consumista como a nossa?

Não é difícil se todos trabalharem pelo bem comum. É uma idéia que funciona em todo o mundo. A história da agricultura é uma história fantástica de biodiversidade. Por quê vamos destruí-la? É só uma questão de vontade política.