11 out Prefeitura e Casan lançam edital para despoluição da Beira-Mar Norte
Da Coluna de Rafael Martini (DC, 10/10/2017)
Um dos projetos ambientais mais emblemáticos de Santa Catarina será apresentado em entrevista coletiva no gabinete do prefeito, nesta quarta-feira, dia 11, às 10h. Gean Loureiro e Valter Gallina, presidente da Casan, lançam o edital para despoluição da orla ao longo da Beira-mar Norte, em Florianópolis.
Mantido a sete chaves pelos engenheiros da Casan, um documento com mais de 50 páginas e três anexos detalha a proposta que pretende tornar balneável o trecho de 3,5 quilômetros entre a Ponta do Coral e a Guarnição de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar (próximo da Ponte Hercílio Luz).
Este Visor teve acesso com exclusividade ao projeto que vem sendo trabalhado em clima de sigilo total até mesmo entre os técnicos da companhia.
O conjunto de informações que garantirá a balneabilidade da Beira-mar traz um enorme cabedal técnico, mas está centrado basicamente na coleta do esgoto lançado irregularmente em 20 canais de drenagem (via estrutura de esgoto pluvial) que desembocam neste trecho.
Apesar de a área central de Florianópolis dispor de 100% de rede de coleta e tratamento de esgoto, o histórico de ocupação desordenada e o elevado adensamento urbano da região resultam em praticamente 50% dos imóveis com algum tipo de irregularidade na instalação da rede coletora.
Segundo o Termo de Referência do projeto, cada uma das saídas da rede de drenagem pluvial (galerias de cimento visíveis junto à areia e que costumeiramente expelem uma corrente preta e fétida em direção ao mar) receberá um sistema próprio de captação e bombeamento. Serão, assim, cerca de 15 a 20 pequenas estações elevatórias, instaladas na boca de cada um dos canais de drenagem, que conduzirão esta mistura de água da chuva com esgoto até uma Unidade Complementar de Recuperação Ambiental, denominada na Casan de URA Beira-Mar. Desinfetada, a água mais clarificada será lançada novamente na baía norte, só que sem coliformes fecais.
Projeto orçado em R$ 24 milhões
O custo do projeto foi orçado em R$ 24 milhões e a promessa é de retomada da balneabilidade até o final de 2018. Desde, claro, que todos os prazos sejam cumpridos dentro do cronograma técnico. O investimento será com 100% de recursos da Casan, que já dispõe do dinheiro em caixa. O processo será semelhante ao que está ajudando a recuperar o Rio do Braz, no Norte da Ilha de Santa Catarina. A URA Beira-Mar, que será construída junto ao bolsão da Casan, terá capacidade para tratar até 150 litros por segundo, o equivalente a quase 13 milhões de litros por dia.
Contaminação concentrada
Análises laboratoriais preliminares realizadas pela Casan nas águas da Baía Norte apresentaram resultados surpreendentes, ao menos para leigos. A cerca de 200 metros da areia da praia, a água apresenta condições próprias, dentro dos parâmetros de balneabilidade da própria Fatma. Ou seja, foi constatado com a concentração de coliformes fecais se dá diretamente ao longo de uma faixa em torno de 200 metros mar a dentro ao longo de toda a orla. A boa condição da água após esta faixa comprova que a poluição da baía é localizada próximo às galerias de água da chuva”, explica um técnico. “Solucionando estes focos, a condição de balneabilidade estará resolvida.
Presente de Natal
Prefeitura e representantes do recém-lançado movimento Floripa Sustentável já planejam um grande evento às vésperas do Natal para a assinatura da ordem de serviço das obras. Um dos principais entusiastas com a despoluição idealizada a pedido do presidente da Casan é o prefeito Gean Loureiro. Para quem recebeu a prefeitura com os cofres raspados, foi quase como ganhar na loteria politicamente, já que todo o projeto e financiamento serão bancados pela Casan, de quem a prefeitura é cliente. “Estamos trabalhando com o “pés no chão” e com o que há de mais moderno no mundo. A possibilidade de melhorar a balneabilidade da Beira-Mar Norte será apresentada por engenheiros experientes e isso traz credibilidade para a população que via, há anos, com desconfiança essa melhoria, analisa Gean.