IPUF apresenta pela primeira vez projeto Ponte Viva em oficina promovida pela FloripAmanhã

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IPUF apresenta pela primeira vez projeto Ponte Viva em oficina promovida pela FloripAmanhã

Pedestres ou veículos? O debate sobre o uso da Ponte Hercílio Luz após o término de sua restauração mobilizou a comunidade de Florianópolis nesta quinta-feira (05/10). Com o auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da capital completamente lotado, representantes de diversos segmentos da sociedade participaram da “Oficina Criativa Governança em Rede – Nossa Ponte” promovida pela Associação FloripAmanhã, Prefeitura de Florianópolis e rede de parceiros.

 

Um dos principais pontos do evento foi primeira apresentação pública do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) do Projeto Ponte Viva – Hercílio Luz para as pessoas (clique aqui para baixar os slides apresentados), com conceitos, e estudos que o órgão vem desenvolvendo ao longo do ano para a Ponte Hercílio Luz e sua integração com a cidade. De acordo com Michel Mittmann, da diretoria Metropolitana do IPUF, a intenção da prefeitura é a de que a Ponte Hercílio Luz seja aberta apenas para pedestres e ciclistas nos primeiros meses, com integração progressiva do transporte coletivo. O projeto prevê uma série de ações no entorno da Ponte e uma ampla discussão nos próximos meses com diferentes públicos para a definição final do que vai ser realizado.

“A cidade está perdendo espaço para os carros. Carros não compram no comércio, carros não se apaixonam, somos nós que nos apaixonamos por eles. No fim, nos tornamos escravos e cedemos espaço”, disse Mittmann, que ainda apresentou uma comparação sobre a densidade habitacional e o movimento econômico da região central. “O nosso projeto aborda a mobilidade mas essa não é a questão principal. Dentro do projeto Ponte Viva vamos trabalhar conceitos de cultura, esporte, cidadania e lazer”.

O prefeito Gean Loureiro participou da Oficina e também defendeu o uso da Ponte Hercílio Luz integrado a um projeto urbanístico que favoreça a conectividade das pessoas com os espaços da cidade, não apenas como rede viária. Ele destacou a importância da Associação FloripAmanhã promover debates sobre o tema. “Nesse momento, precisamos contar com a ajuda de parceiros”, disse. “E a FloripAmanhã se transformou numa grande parceira para a construção de projetos e debates”.

O Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura) estima que a ponte Hercílio Luz possa receber até 20% do fluxo das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos. De acordo com os cálculos do Plamus (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável), as duas pontes em atividades recebem 150 mil veículos por dia, que transportam cerca de 193 mil pessoas.

O engenheiro Wenceslau Diotallévy, Fiscal das Obras de Reabilitação e Recuperação da Ponte Hercílio Luz, fez um alerta durante sua explanação. “É preciso ouvir o que a população quer, e pela experiência que temos muitas vezes o que achamos ser o melhor caminho não é o anseio da comunidade”, disse.

Pesquisa da FloripAmanhã: maioria quer ponte para pedestres, bicicletas e ônibus

Pesquisa realizada pela Associação FloripAmanhã mostrou que 46,5% dos participantes gostariam que a Ponte Hercílio Luz fosse utilizada por pedestres, ciclistas e pelo transporte coletivo. Outros 35,6% acreditam que a estrutura deve ser aberta apenas para pedestres e bicicletas. Ainda segundo o levantamento, 13,9% gostaria que apenas carros e pedestres pudessem utilizar o local, enquanto que 4% defendem a manutenção da ponte apenas como patrimônio artístico e cultural, sem a sua inserção no sistema viário.

A presidente da Associação FloripAmanhã, Anita Pires, destacou que a Ponte Hercílio Luz é um símbolo do estado e que por isso existe tanta mobilização sobre o uso da estrutura e de todo o seu entorno após a revitalização. “Temos uma longa história de amor com a ponte. Ela é o símbolo de nosso estado, nosso cidade”, afirmou. “A oficina foi construída coletivamente e reuniu entidades ligadas ao urbanismo, representantes do governo estadual e prefeitura, universidade, técnicos e sociedade civil. Debatemos para ver o que será possível fazer após a conclusão da revitalização”.

Entrevista Prefeito Gean Loureiro

 

Entrevista Michel Mittmann – IPUF

 

Veja como foi a transmissão ao vivo através do facebook.com/floripamanha

 

Sobre a Ponte Hercílio Luz

A Ponte Hercílio Luz foi construída entre novembro de 1922 e maio de 1926 pela empresa americana Byington & Sundstrom. Ela foi inaugurada no dia 13 de maio de 1926. Inicialmente, a intenção era batizá-la como Ponte da Independência.

A opção por Hercílio Luz foi uma homenagem ao governador de Santa Catarina, um dos responsáveis pela idealização da ponte e que não conseguiu ver a obra pronta. Ele faleceu em outubro de 1924, quase dois anos antes da conclusão da obra.

A Ponte Hercílio Luz tem extensão de 821 metros, sendo formada pelos viadutos de acesso do Continente, com 222,5 metros; da Ilha, com 259 metros; e pelo vão central pênsil com extensão de 339,5 metros. A altura das torres principais é de 74,21 metros. A altura do vão pênsil em relação ao nível de maré média é de 30,86 metros. A estrutura de aço tem o peso aproximado de 5 mil toneladas, peso equivalente a 12 aviões Boieng 747-400.

Em 4 de agosto de 1992, a Ponte Hercílio Luz foi tombada como Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Município de Florianópolis. Em 13 de maio de 1997, o Governo do Estado homologou o Tombamento da Ponte Hercílio Luz, de propriedade do Estado de Santa Catarina. E no dia 15 de maio do mesmo ano, foi assinado declaração de utilidade pública para fins de aquisição por doação ou desapropriação, amigável ou judicial, os imóveis compreendidos na área de entorno. Também em 15 de maio de 1997, o Ministério da Cultura reconheceu a Ponte Hercílio Luz como Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Brasil.

A ponte foi interditada totalmente ao tráfego em 22 de janeiro de 1982. Em 15 de março de 1988, foi reaberta somente ao tráfego de pedestres, bicicletas, motocicletas e veículos de tração animal. Mas em 4 de julho de 1991, foi novamente interditada a qualquer tipo de tráfego e retirado o piso asfáltico do vão central, resultado em um alívio de peso da ordem de 400 toneladas, não tendo sido mais aberta ao tráfego.

Desde 2006 a estrutura está sendo restaurada. As obras foram retomadas em 2015 e a previsão é de que sejam concluídas em 2018.