18 set Tradicional Largo Benjamin Constant ganha revitalização
Da Coluna de Carlos Damião (Notícias do Dia, 17/09/2017)
O Largo Benjamin Constant, próximo à Avenida Trompowsky, é um dos recantos mais tradicionais e acolhedores do centro de Florianópolis e começa a ganhar completa revitalização urbana, a partir deste mês, com prazo de execução até março de 2018. A iniciativa é da W Koerich Imóveis, dentro de seu projeto Boa Praça, que já adotou e revitalizou 13 espaços públicos na cidade e mantém esses locais com serviços de limpeza e conservação.
Antigo Largo da Princesa (entre 1876 e 1907), o Largo Benjamin Constant era parte do bairro Mato Grosso, região de chácaras da cidade. Já foi chamado popularmente de Praça do Kioski e Pracinha do Avião, por duas razões históricas importantes para a Capital, que estão presentes à memória dos que têm mais de 60 anos.
No primeiro caso, porque até a década de 1970 tinha um bar bem na área central, que na verdade era um quiosque (hoje uma loja de flores) onde se reuniam os jovens descolados daqueles tempos. Entre eles, Cacau Menezes, Ricardinho e Karin Machado, Beto Stodieck, Celso Ramos Neto, Rô Koerich, Nenem Alves, Denise Richard, Rômulo Azevedo, Max Moura, Luiz Paulo Peixoto e Witti Witthinrich. Eles foram responsáveis por importantes mudanças culturais e comportamentais em Florianópolis, que era uma cidade apática.
Tragédia aérea
A referência à Pracinha do Avião acabou se perdendo no tempo, embora os mosaicos originais de Hassis tenham permanecido no piso de petit pavê. Em 2010 e 2014 escrevi no ND referências especiais sobre a praça, cobrando da prefeitura a reestruturação urbana do local, assim como o seu resgate histórico, mas a célebre falta de recursos, aliada à má vontade política, deu em nada. O lugar continuou sem receber cuidados especiais, apenas os básicos, de limpeza.
A Pracinha do Avião surgiu para assinalar a tragédia que ocorreu no Largo em 28 de novembro de 1961. Aviões da Esquadrilha da Fumaça faziam um voo de demonstração em Florianópolis, quando dois deles se tocaram no ar. Um voltou à Base Aérea, mas o outro, um T-6 prefixo 1336 F, teve o leme danificado. Em queda livre, se espatifou na praça, entrando na garagem da residência do General Rosinha (1898-1988), Paulo Gonçalves Weber Vieira da Rosa, que foi prefeito da Capital entre outubro de 1964 e janeiro de 1966. No acidente, morreu o piloto, capitão da FAB (Força Aérea Brasileira) Durval Pinto Trindade.
Paixão pela cidade
A região tem um significado especial para a família Koerich, em especial para o patriarca Walter e sua esposa Linda, que comemoram 60 anos de casados em 2017. Um pouco à frente do Largo Benjamin Constant, na Rua Victor Konder surgiu em 1962 o primeiro estabelecimento comercial do tipo pegue-pague da Capital, o Supermercado Koerich.
A revitalização do largo foi uma ideia do casal, apaixonado pela cidade onde o grupo Koerich construiu sua história. Dirigentes e profissionais da W Koerich Imóveis abraçaram o projeto, aprovado pelo Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital) e Floram (Fundação do Meio Ambiente de Florianópolis), com apoio da prefeitura e da Associação FloripAmanhã. A equipe que desenvolve os trabalhos é formada pelo paisagista Jordi Castan, pelo engenheiro Felipe Koerich e pela arquiteta e urbanista Ana Carolina Ogata – os dois últimos da W Koerich Imóveis.
Recuperação e melhorias
O largo tem 2 mil metros quadrados de área verde, mas grande parte das árvores foi plantada de qualquer jeito, ou seja, sem critério paisagístico. Além da revisão das árvores, o projeto prevê a recuperação do petit pavê, a instalação de novos bancos e lixeiras, a revitalização da calçada, serviços de paisagismo, iluminação e a reestruturação do quiosque e do ponto de táxi. A sinalização recebe a inspiração de grandes centros culturais, com placas indicando a distância de diversos pontos do centro da cidade.
O homenageado
Benjamin Constant, que dá nome ao largo desde 1907, foi um personagem fundamental da história brasileira. Seu nome completo era Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1836-1891), engenheiro militar e educador que participou da Guerra do Paraguai e do levante republicano de 1888-1889.
O antigo nome, Largo da Princesa, era uma homenagem à princesa Isabel (1846-1921), herdeira do trono brasileiro, que também emprestava seu nome, por exemplo, ao único teatro de Florianópolis, hoje TAC (Teatro Álvaro de Carvalho).