Lei que permite adoção de praças na Capital completa 30 anos

Lei que permite adoção de praças na Capital completa 30 anos

Da Coluna de Carlos Damião (Notícias do Dia, 23/09/2017)

Florianópolis é uma cidade rica em praças. Oficialmente, são 95 espaços desse tipo que, pelo menos em tese, deveriam servir ao lazer e ao convívio social e para apresentações culturais. A mais célebre de todas – e mais antiga – é a Praça 15 de Novembro, cuja história remonta à fundação da cidade, em 1673.

A maior parte das praças é localizada na Ilha de Santa Catarina. A cidade tem praças com nomes curiosos, como Banco Redondo (Etelvina Luz) e poéticos (Praça dos Namorados, Parque da Luz). Tem até a Praça Desterro, nos altos da Rua Francisco Tolentino, que só existe no papel. E uma dedicada a Floriano Peixoto, o marechal que deixou marcas sangrentas na capital catarinense e, por isso, é considerado persona non grata entre os moradores.

Na edição de 16 e 17 de setembro abordamos neste espaço as obras de revitalização do Largo Benjamin Constant, iniciativa da W Koerich Imóveis, com apoio da prefeitura, por meio de diversos órgãos e entidades, como a Comap (Comissão Municipal de Arte Pública), citada por equívoco do colunista como sendo a Comcap.

O tema repercutiu bastante nas redes sociais e no portal ND On-line, com a maior parte dos comentaristas elogiando o projeto – que não é o primeiro, mas vem numa sequência de trabalhos semelhantes, realizados nas praças Celso Ramos, Getúlio Vargas e Hercílio Luz (mirante da ponte) e Dom Pedro I (Hemosc), além do entorno da Comunidade Evangélica Luterana da Rua Nereu Ramos. Todas essas intervenções deixaram os espaços mais bonitos e modernos, seguindo o previsto na Lei Municipal 2668, que completa 30 anos no dia 28 deste mês. O mecanismo foi adotado na administração de Edison Andrino (1986-1989), permitindo a “adoção, a administração de praças, parques e jardins a empresas estabelecidas, entidades e órgãos da administração direta e indireta, para fins de manutenção, conservação e melhoria dos equipamentos de lazer e cultura”. Portanto, já naquela época a prefeitura tinha dificuldades financeiras para cuidar desses locais públicos.

Projetos na gaveta

Vasculhando o arquivo, redescubro uma matéria de 23 de março de 2010, publicada no Notícias do Dia, sobre os projetos da prefeitura que pretendiam recuperar e revitalizar o Centro Histórico. O prefeito era Dario Berger (PMDB), hoje senador pelo mesmo partido.

Um dos projetos tratava da requalificação e humanização da região do Mercado Público, Largo da Alfândega Prefeito Dakir Polidoro e Ticen. O objetivo era implantar inúmeras melhorias, entre as quais o calçadão na Avenida Paulo Fontes, que estava fechada ao tráfego de veículos, priorizando a humanização daquela área. Depois foi lançado um concurso com o mesmo objetivo para a modernização da Praça Tancredo Neves, antiga Praça da Bandeira, onde está um dos mais belos murais do artista plástico Rodrigo de Haro, em homenagem a Santa Catarina de Alexandria.

A inviabilidade técnica e financeira inviabilizou o primeiro projeto. O segundo, beneficiado pela lei 2668/87, ainda está parado, embora em 2015 a prefeitura tenha anunciado que as obras começariam naquele ano. A concessão inclui todas as melhorias urbanísticas e paisagísticas e mais a implantação de estacionamentos subterrâneos. Passados dois anos, a situação continua igual.

Envelhecimento urbano

Além das praças Celso Ramos, Getúlio Vargas, Pedro I e Hercílio Luz, outro caso que teve a bem-sucedida participação da iniciativa privada foi a revitalização da histórica Praça 15 de Novembro, com a manutenção paisagística sendo patrocinada pelas Lojas Koerich e pela Carioca Calçados desde 2009. A parte de limpeza e os consertos no petit pavê (com as obras de Hassis decorando o ambiente desde a década de 1960) são de responsabilidade da prefeitura.

No Continente, a secretaria comandada pelo secretário Edinho Lemos tem buscado parcerias com a própria comunidade para a recuperação básica das praças. Os trabalhos voluntários abrangem as mais importantes, como a Renato Ramos da Silva e o Parque de Coqueiros.

Há inúmeros outros espaços carecendo de revitalização, como o Aterro da Baía Sul, que já foi um primor urbanístico, nos primeiros tempos. Mas, num análise detalhada, poucas empresas se importam em aproveitar os incentivos da lei 2668/87. As que se importam merecem reconhecimento.