10 ago Mangue em Florianópolis tem proliferação de jacarés-de-papo-amarelo
A Fundação do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) está alertando para uma proliferação de jacarés-de-papo-amarelo no manguezal que passa por bairros como Santa Mônica e Itacorubi. Pode parecer difícil de explicar, mas os répteis, que vivem em córregos que cortam ruas e prédios da região movimentada em torno do shopping Iguatemi, estão se reproduzindo mais do que o normal – e isso pode ser um problema.
Desde segunda-feira, a Floram, em parceria com o empreendimento, está instalando dez placas alertando para a presença deles. Essas placas também serão instaladas na praia da Daniela, para onde vão os córregos do manguezal.
— Eu venho de São Paulo, e lá não existe essa de animais no meio da cidade. É muito estranho ver jacarés assim na frente de um shopping — conta a estudante da UFSC Ingryd Morente, de 20 anos, enquanto fotografa com o celular um dos animais que avistou.
Nas tardes de sol, eles saem da água para aquecer o sangue nas margens dos córregos. Dividem espaço com algumas tartarugas e garças. E se esses animais estão ali, é sinal que também há peixes.
Funcionários do Iguatemi que aproveitam a hora do intervalo no gramado em frente ao shopping contam que às vezes que os jacarés sobem demais e até assustam. Mas que não há motivo para temer, já que o homem é a verdadeira ameaça.
Conforme o diretor da Floram, Marcos da Silva, os jacarés estão se proliferando devido à falta de predadores naturais. Lagartos e garças são animais que comem ovos e os filhotes deles, mas estão sumindo. A explicação da Floram é que décadas atrás foi trazido para Santa Catarina o sagui, que é natural do nordeste. O macaquinho por sua vez, se também se alimenta de ovos dos pássaros, acabou causando um desequilíbrio ambiental.
— A gente não pode retirar os jacarés dali, é o habitat deles. Nós estamos sim estudando, em conjunto com o centro de biologia da UFSC, formas de frear essa reprodução, mas preservando o habitat.
Quando moradores se depararem com um jacaré em terreno particular, a orientação é entrar em contato com a Polícia Militar Ambiental. Em janeiro desse ano, um morador do Morro da Lagoa da Conceição se deparou com um jacaré tomando banho na piscina da casa dele. O bicho foi resgatado pela PM e solto na reserva dos Carijós, no norte da Ilha.
Sobre o Jacaré-de-papo-amarelo
É um réptil de cor esverdeada, quase pardo e o ventre amarelado, focinho largo e achatado. Segundo a Fundação Osvaldo Cruz, pode medir até 3 metros de comprimento. Os jacarés são animais de hábitos noturnos e durante o dia formam grupos para tomar sol. Alimentam-se de peixes, aves e mamíferos. No período de reprodução, põem entre 30 e 60 ovos por ninhada. E podem viver até 50 anos.
Os jacarés são animais ecologicamente importantes, pois fazem o controle biológico de outras espécies de animais, pois se alimentam dos animais mais velhos e fracos que não conseguem escapar de seu ataque. Além disso, suas fezes servem de alimento a peixes e outros seres vivos aquáticos. Hoje, os jacarés-de-papo-amarelo fazem parte da lista de animais em extinção do Ibama. Isso se deve, principalmente, pela destruição de seu habitat e à poluição dos rios.
(Hora de Santa Catarina, 10/08/2017)