24 jul Independência e foco técnico são essenciais para uma rede de monitoramento cidadão
O segundo dia da missão internacional da Rede de Monitoramento Cidadão do Brasil na Colômbia teve como destaque a visita ao Grupo Editorial El Tiempo, um dos fundadores do programa Bogotá Cómo Vamos e membro associado da Red Colombiana de Ciudades Cómo Vamos. A comitiva brasileira também teve a oportunidade de apresentar às organizações locais o trabalho de estruturação das redes de monitoramento no Brasil.
Ernesto Cortés, coordenador de comunicação do El Tiempo, revelou que, à época da fundação da Bogotá Cómo Vamos, em 1998, não foi fácil convencer os jornalistas do grupo colombiano a respeito da importância do programa. Eles o viam como “mais um projeto apoiado institucionalmente pela empresa”. Com o passar do tempo, perceberam a relevância dos dados disponibilizados pela Cómo Vamos e hoje veem a rede como uma fonte inesgotável de informações, utilizada regularmente nas reportagens sobre Bogotá. “Uma rede independente e apartidária dá credibilidade para que os dados sejam divulgados”, destaca Cortés.
O coordenador ressalta que a participação da mídia numa rede de monitoramento é essencial, pois os jornalistas têm essa capacidade de ‘traduzir’ dados técnicos urbanos em algo atrativo para a população, de modo a engajá-la nas questões da cidade. O maior desafio está em inovar na divulgação dos dados e torná-los interessantes aos diferentes públicos que acessam os meios de comunicação.
A possibilidade de escala das notícias sobre a atuação da rede é enorme. O grupo, fundado há 107 anos, possui uma rede de televisão, 14 portais de internet, sete revistas, jornais setoriais e contabiliza uma expressiva audiência de 8 milhões de usuários ao dia.
Cortés citou ainda um desafio enfrentado na Colômbia: a carência de profissionais especializados na cobertura de cidades e desenvolvimento urbano. O fato do El Tiempo se envolver tão proximamente com a Cómo Vamos possibilitou que houvesse a formação e capacitação de profissionais de imprensa colombiana nesse tema.
Após a visita ao El Tiempo, a comitiva brasileira teve a oportunidade de apresentar à rede colombiana e à Fundação Corona o trabalho desenvolvido neste primeiro ano de estruturação das redes nas cidades de Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Palmas (TO) e Vitória (ES). Mara Luísa Alvim Mota, gerente executiva de sustentabilidade da Caixa, ressaltou o papel do banco – em especial de seu Fundo Socioambiental – na viabilização da implantação das redes nas capitais brasileiras. Fernando Penedo, coordenador geral do projeto, destacou as conquistas desse primeiro ano e as ações planejadas para a rede. No Brasil, a iniciativa acontece no âmbito do Programa Cidades Emergentes e Sustentáveis, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o apoio financeiro do Fundo Socioambiental da Caixa, e coordenação da Baobá Práticas Sustentáveis, agência executora do projeto.
A programação também contou com a apresentação da experiência da Bogotá Cómo Vamos. Maria Lucia Ruede apresentou alguns projetos desenvolvidos pelo programa, como a realização de oficinas e debates com os habitantes da cidade e posterior encaminhamento das sugestões levantadas ao poder público local. Ao longo das duas últimas décadas, o programa consolidou-se como a principal referência governamental sobre informação e análise das políticas públicas urbanas e um ativo da cidade.
Ao final do dia houve um momento de interação e de aprendizado mútuo entre as redes do Brasil e da Colômbia, e os representantes das redes brasileiras ainda tiveram a oportunidade de trocar experiências entre si, uma vez que esta foi a primeira ocasião em que todas estiveram juntas presencialmente.
(Baobá, 21/07/2017)