Escadaria do Rosário terá feira afro-artesanal

Escadaria do Rosário terá feira afro-artesanal

(PMF, 10/07/2017)

Primeira mulher negra a assumir um mandato popular no parlamento catarinense e brasileiro, Antonieta de Barros teve uma atuação política dedicada a causas como a educação universal, a valorização da cultura negra e a emancipação feminina. Nesta terça-feira (11), data que marca os 116 anos de nascimento da educadora e jornalista, nascida em Florianópolis, a cidade ganha a primeira feira de artesanato temática voltada à cultura negra.

A instalação da Feira Afro-artesanal acontece às 10 horas, na Escadaria do Rosário, integrando um projeto para ocupação cultural de espaços tradicionalmente ligados à ancestralidade africana.

Na abertura da programação será apresentada uma explanação histórica sobre o espaço que dá acesso à Igreja da Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos e sobre o projeto, que contempla ainda outras atividades no local. Na sequência, haverá intervenção musical com cantos em Iorubá e participação de ogãs; declamação de poesias; e participações dos atores JB Costa e Solange Adão, que vão interpretar um encontro simbólico entre o poeta Cruz e Sousa e a educadora Antonieta de Barros, ícones catarinenses da cultura negra brasileira. Também está prevista uma mostra de dança afro e apresentação musical com Neném Maravilha.

Todas as terças-feiras, das 10 às 17 horas, a Escadaria do Rosário contará com barracas padronizadas onde serão comercializadas bonecas, almofadas, bolsas, agendas e camisetas, entre outros produtos artesanais, além de comidas associadas à temática afro-brasileira. Realizada pelo Coletivo de Produtores Afro-artesanais de Florianópolis e pelo Instituto Wilma Garcia, a feira tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude, por meio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes.

Encontros musicais

Além da feira de artesanato, a Escadaria do Rosário será palco também do projeto Sexta Cultural, com apresentação semanal da velha guarda musical da escola de samba Dascuia e convidados. As atividades serão realizadas todas as sextas-feiras, das 18h30 às 21 horas, estimulando a formação de um corredor cultural interligando diferentes espaços musicais no Centro Histórico.

As duas iniciativas visam à ocupação territorial de algumas áreas da cidade para dar visibilidade aos saberes e fazeres da população negra, reconhecendo a contribuição desse segmento no desenvolvimento econômico, cultural e social da capital catarinense. O projeto também busca o fortalecimento de ações para valorização da cultura de matriz africana, a exemplo do que já ocorre em relação à matriz europeia, em especial à cultura açoriana, bastante difundida em Florianópolis.

Antonieta de Barros

Nascida em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, Antonieta de Barros era filha de uma escrava liberta, que trabalhou na casa de Vidal Ramos, pai do ex-presidente da república Nereu Ramos. Atuou como professora de Português e Literatura, e foi também diretora do atual Instituto Estadual de Educação. Como jornalista e escritora, destacou-se pela coragem de expressar suas ideias em uma época em que era negado às mulheres o direito à livre expressão.

Militante política, Antonieta de Barros teve uma participação ativa na vida cultural de Florianópolis e de Santa Catarina. Fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927, onde escrevia crônicas em que manifestava suas ideias relativas à educação, emancipação feminina, preconceito racial e política. Em 1937, escreveu o livro Farrapos de Ideias, com o pseudônimo de Maria da Ilha.

Com o incentivo da família Ramos, entrou para a política tornando-se a primeira mulher negra deputada catarinense, eleita em 1934, dois anos depois de o voto feminino ser permitido no Brasil. Fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado à alfabetização da população carente, atividade que exerceu até sua morte, em 28 de março de 1952.

Feira Afro-artesanal / Escadaria do Rosário
Todas as terças-feiras, das 10 às 17 horas

Programação cultural – 11 de julho

10h – abertura / explanação histórica sobre o espaço e a feira (Márcio de Souza)
10h30 – Atriz Solange Adão canta em Iorubá – acompanhada por ogãs
– Leitura dramática do poema “Canto da Diáspora, África, minha África de Sene Demba” interpretado por J.B. Costa (Costa do Marfim – África)
– Performance de Adelicê Braga (Nega)
– Breve diálogo entre Antonieta de Barros e Cruz e Sousa (Solange Adão e J.B. Costa);
– Apresentação musical com Neném Maravilha