06 abr Em terreno da Prefeitura de Florianópolis, comunidade surge no Maciço do Morro da Cruz
Uma nova comunidade surge irregularmente no Maciço do Morro da Cruz, na região central de Florianópolis, ao lado da Via Transcaieira, que liga o Alto da Caieira ao Saco dos Limões, em uma área de mais de 40 mil m² de propriedade da prefeitura. O terreno foi dividido pelos novos moradores em pequenos lotes, que estão separados com estacas e cordas. Os casebres de madeira estão em construção desde novembro do ano passado e a cada semana uma residência fica pronta.
Segundo Emerson Almeida, 27 anos, um dos primeiros moradores, já são cerca de 40 famílias em busca do sonho da casa própria. Os lotes ficam ao lado da obra de uma creche municipal. Sem emprego com carteira assinada há quatro anos, Almeida morava com a esposa e o filho, de 15 dias, de favor na casa do cunhado. Há quatro meses, ele levantou as primeiras paredes da nova moradia.
“Todos aqui estão querendo apenas um canto para viver com dignidade. Não temos como pagar aluguel e ainda precisamos dar conta de gastos com alimentação e outras despesas. A prefeitura esteve em dezembro fazendo um cadastro, mas não voltaram mais”, conta Almeida, que é do Rio Grande do Sul.
De acordo com o último Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010 havia pelo menos 75,7 mil pessoas vivendo em comunidades carentes, áreas desordenadas ou de invasão no Estado. Em Florianópolis, eram 17 mil pessoas, ou 4% da população. Esses locais são caracterizados pela presença de população mais pobre e em moradias sem as mesmas condições que outras áreas, sem infraestrutura e, em geral, sem a posse do terreno ou imóvel.
O jardineiro Jacir Alves, 46, também constrói sua casa sem a confirmação de que terá água encanada e esgoto sanitário. O único serviço público que os moradores conseguiram é a energia elétrica, que foi puxada da rede de iluminação pública. “Tenho mulher, quatro filhos e pagar R$ 800 de aluguel está pesado. Estamos juntando madeiras, telhas e pregos para assegurarmos um teto para as nossas famílias. Fomos informados de que a prefeitura tem projeto para construir casas populares para 400 famílias, mas nada sai do papel”, desabafa.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Florianópolis informou que os servidores das secretarias de Assistência Social e do Meio Ambiente estiveram na Transcaieira nos meses de fevereiro e março. Eles apuraram que somente uma família reside no local e que os outros casebres foram construídos apenas para “assegurar” a suposta posse da área.
A prefeitura informou de que se trata de uma invasão irregular e os processos de demolições estão na Procuradoria-Geral do Município. “Mais do que apenas demolir os barracões, o meu objetivo é formar uma parceria com a Assistência Social para dar encaminhamento para as famílias. O problema de ocupações irregulares acontece em toda a Ilha e, normalmente, são de pessoas de outros Estados. Além de estarem em um terreno da prefeitura, as construções estão a menos de 30 metros de um curso de água”, justifica o diretor-geral da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), Marcos Leandro Gonçalves da Silva.
A Secretaria de Habitação virou uma superintendência da Infraestrutura e não há recursos para os projetos habitacionais, segundo a assessoria de imprensa. A prefeitura busca recursos federais para a habitação.
(Notícias do Dia Florianópolis, 06/04/2017)