24 fev Principais cidades de SC têm avanço tímido em saneamento básico
O novo ranking de saneamento básico do Instituto Trata Brasil, organização referência do assunto no país, mostra uma evolução tímida das principais cidades catarinenses no tratamento de esgoto. O levantamento foi divulgado nesta semana e tem como base os dados oficiais dos 100 maiores municípios brasileiros no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), com números informados pelas próprias operadoras ao governo federal.
Florianópolis, Joinville e Blumenau são as únicas representantes catarinenses no estudo com dados de 2015. Em relação à água, os resultados são expressivos, com 100% da população atendida na Capital e mais de 98,5% nas outras duas cidades. Porém, os maiores problemas aparecem na coleta e tratamento de esgoto.
Os dados gerais de saneamento no Brasil mostram que 50,3% da população têm acesso à coleta dos esgotos, mas somente 42% dos dejetos são tratados. No Estado, houve avanço, mas a situação está longe de ser a ideal. Apenas a Capital supera essa média nacional – e ainda assim não chega a 60% em nenhum dos dois indicadores –, enquanto em Joinville e Blumenau os índices ficam abaixo dos 32% (veja mais ao lado). Apenas seis cidades do país tratam 100% do esgoto: Campina Grande (PB), Jundiaí (SP), Limeira (SP), Niterói (RJ), Piracicaba (SP) e São José do Rio Preto (SP).
Capitais lideram investimentos
O Trata Brasil também aponta que num período de cinco anos (2011 a 2015), as 26 capitais presentes no diagnóstico (com exceção de Palmas, não contemplada por ter uma população menor do que a das cidades consideradas no estudo), investiram juntas R$ 19,44 bilhões. Isso representa 63% do que investiram todas os 100 maiores municípios (R$ 30,8 bilhões) e 32% do que o país todo investiu no mesmo período (R$ 60,6 bilhões).
Em termos dos indicadores mais críticos, 24 capitais não tratam mais de 80% dos seus esgotos (somente Brasília 82% e Curitiba 91%), e as grandes cidades do Norte ocupam as últimas colocações do ranking com números bem abaixo da média nacional na maioria dos indicadores.
– Essas 26 grandes cidades abrigam quase um quarto da população do país, então é esperado que tenham os maiores desafios para levar os serviços de água e esgotos à totalidade da população, mas é também certo que são as que têm mais condições de fazer projetos e levantar recursos para a solução. E isso não vem ocorrendo – avalia o presidente do Trata Brasil, Édison Carlos.
A entidade organiza o ranking desde 2009, mas o instituto revisou recentemente a metodologia do estudo e recomenda que não seja feita a comparação com anos anteriores.
Franca investiu a longo prazo
Com 100% de abastecimento de água, 99% do esgoto recolhido e 98% dele tratado, Franca, no interior de São Paulo, aparece pelo quarto ano seguido como a melhor cidade entre as 100 maiores do país. Conforme a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que opera os sistemas de saneamento no município, esses índices são resultado de um planejamento pensado a médio e longo prazo.
Um dos principais destaques é a nova estação de tratamento, que começou a ser debatida há 15 anos e deve ser entregue ainda em 2017. De acordo com a Sabesp, foram investidos R$ 165 milhões com a construção do Sapucaí-Mirim, novo sistema produtor de água, projetado para acompanhar o crescimento populacional e garantir o abastecimento da população por várias décadas.
O investimento em água e esgoto também se reflete, como defende a Organização Mundial da Saúde (OMS) e é comprovado pelo levantamento do Trata Brasil, em atendimentos médicos. Dados do estudo mostram que Franca é uma das cidades que menos gastam com internações por diarreia, dengue e leptospirose. Enquanto a última colocada do ranking, Ananindeua (PA), gastou R$ 19,4 milhões entre 2007 e 2015, o município paulista precisou desembolsar apenas R$ 418 mil.
Ananindeua é a pior cidade entre as 100 maiores do Brasil em saneamento, com 26% da população atendida com água tratada e nenhuma coleta de esgoto.
O que dizem as empresas de saneamento
Florianópolis
A Casan informa que há R$ 2,2 bilhões assegurados para melhorias dos sistemas no Estado, sendo que R$ 1,6 bilhão é destinado apenas ao esgotamento sanitário.Conforme a empresa, Florianópolis deverá estar ao final de 2018 com índice de cobertura de esgoto superior a 70%, já que há oito obras com recursos assegurados: três foram concluídas, uma será entregue até junho, uma começou há 15 dias e as três demais devem começar ainda neste semestre.
Blumenau
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto afirma que nos últimos quatro anos tem investido na sua estrutura de captação, tratamento, distribuição e reservação de água. Segundo ela, foram investidos desde 2013 em torno de R$ 30 milhões em ampliação e substituição de redes de distribuição e para este ano já estão assinados contratos para melhoria da captação de água e novos reservatórios na ordem de R$ 24 milhões.
Joinville
Segundo a Companhia Águas de Joinville, em 2014 a empresa investiu R$ 18,9 milhões em saneamento básico (24% do planejado). No ano seguinte, o investimento na área saltou para R$ 29,5 milhões (47% do planejado) e, em 2016, chegou a R$ 49,6 milhões.A companhia também destacou que tem melhorado sua capacidade de execução do que está planejado. O plano de investimento para 2017 é de R$ 70,5 milhões.
(DC, 24/02/2017)