23 jan Para economizar com aluguéis, prefeitura quer transferir secretarias para a passarela Nego Quirido
Endereço oficial do samba em Florianópolis, a passarela Nego Quirido pode virar também uma das principais sedes da administração municipal. Sem uso na maior parte do ano, as dependências do sambódromo estão nos planos da prefeitura da Capital para tentar diminuir uma conta milionária: o município gasta aproximadamente R$ 7 milhões por ano com a locação de imóveis onde ficam seis secretarias.
O valor é considerado impraticável pela administração do prefeito Gean Loureiro (PMDB), que projeta dificuldades até para pagar o salário dos servidores durante todo o ano. O entendimento é de que muitos contratos foram firmados quando a oferta por imóveis na cidade era mais escassa e os preços negociados eram mais altos. Assim, a intenção é reduzir as despesas para a casa dos R$ 2 milhões ao ano.
Como a estrutura da Nego Quirido pertence à prefeitura, o novo governo estuda uma forma de deslocar algumas pastas, hoje instaladas em imóveis alugados, para a área do sambódromo. Secretarias como a da Administração, que demanda quase R$ 200 mil mensais em aluguel, e a da Fazenda, que tem custo de mais de R$ 100 mil por mês com locação, estão entre os órgãos municipais já mapeados para o remanejamento. Maior entusiasta da mudança, o secretário da Fazenda, Constâncio Maciel, reconhece que a ideia pode parecer inusitada e deve enfrentar certa resistência no início. Isto porque, observa o secretário, a passarela costuma ser associada apenas ao Carnaval e aos espaços voltados às escolas de samba.
— Os contratos de aluguéis mais caros são de secretarias que não estão confortáveis. Será mais confortável lá (na passarela) do que onde elas estão instaladas. A Nego Quirido não é só samba. Tem uma estrutura grande, de 5 mil metros quadrados para ocupar. Não daria para levar toda a prefeitura, mas ao menos os setores de atividades-meio. Tem salas amplas, uniformes, como se fosse um prédio de escritórios — argumenta o titular da Fazenda.
O remanejamento de endereços, acrescenta o secretário, beneficiaria o próprio sambódromo, que hoje sofre com depredações, sem prejuízo às comemorações do Carnaval. Outro argumento é de que a integração de mais de uma secretaria no mesmo espaço permitiria economia em serviços de recepção, limpeza e segurança.
Por outro lado, é certo que o reaproveitamento da Nego Quirido implicaria em reformas estruturais e demandaria alguns meses para as novas ocupações. Faltam portas, janelas, estrutura elétrica. As mudanças, no entanto, ainda dependem de projeto e de um cronograma oficial, embora contem com a aceitação do prefeito. Nos próximos dias, Gean Loureiro deve visitar as instalações da passarela com parte do secretariado para avaliar as opções.
—Hoje, não temos como terminar o ano pagando salários. Em outubro, se não houver reação da parte econômica, se não parar o crescimento vegetativo da folha, não fecharemos o mês. Precisamos de todas as medidas possíveis de economia — reforça Constâncio.
O PESO DAS LOCAÇÕES (valores mensais)
Despesas da prefeitura de Florianópolis com os aluguéis dos imóveis onde ficam algumas das principais secretarias do município somam R$ 7,3 milhões ao ano. A soma também considera gastos com condomínio.
Sec. Administração – R$ 193,5 mil
Valor engloba o edifício Aldo Beck, na Conselheiro Mafra, e o almoxarifado que fica em Coqueiros
Assistência Social – R$ 76 mil + R$ 21 mil de condomínio
Valor engloba três andares, além de sete vagas de garagens do edifício na rua Mauro Ramos
Sec. Turismo – R$ R$ 17,4 mil + R$ 6,4 mil de condomínio
Valor engloba oito salas, além de nove garagens do edifício Premier, na rua Padre Roma
Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano – R$ 130 mil
Valor engloba a Secretaria do Meio Ambiente, além de Floram, Sesp e SMDU
Fazenda – R$ 30, 9 mil (imóvel na rua Álvaro de Carvalho), R$ 70 mil (locação de três andares + subsolo do edifício Cecomtur, na rua Arciprestes Paiva), R$ 11 mil (locação de imóvel na marginal da BR-101)
Ipuf – R$ 55 mil
Unidade na Praça Getúlio Vargas
(Diário Catarinense, 23/1/2017)