24 jan Inovação, sem planejamento e participação, vira confusão
(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Florianópolis, 23/01/2017)
Assessores cabisbaixos. Vereadores da base constrangidos. Servidores indignados (e paralisados). Técnicos estupefatos, como os do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). Com apenas 23 dias de gestão, completados nesta segunda-feira, 23, o prefeito Gean Loureiro (PMDB) produz na capital a maior confusão política e institucional da história da cidade, com a proposta de desconstrução radical do próprio conceito de administração pública. Um desgaste inédito, com sérias consequências e ameaças diretas para todos os setores da prefeitura, inclusive para o planejamento urbano – uma das áreas mais críticas, delicadas e polêmicas da cidade.
Admitindo que a proposta possa ter bons resultados em médio e longo prazo, ainda assim é preciso ressaltar que a equipe do prefeito não consultou ninguém – nem os vereadores de sua base – para propor as mudanças drásticas, muitas das quais já desfiguradas e que vão à votação nesta terça-feira, em regime de urgência. E na urgência, no açodamento, é que está o problema básico. Governar bem exige planejamento, diálogo, responsabilidade e, sobretudo, cautela e criatividade. Mais ainda quando o objetivo central é inovar e quando a inovação esbarra em questões como direitos adquiridos dos servidores e práticas políticas seculares, sem contar o explícito favorecimento a interesses localizados.
A sessão extraordinária da Câmara de Vereadores vai ser uma dura batalha, que certamente não terminará nesta terça se espalhará pelas creches, escolas, postos de saúde, entre outros setores sensíveis da prefeitura.