25 nov Projeto, que envolve instituições nacionais e internacionais, vai realizar estudos ecológicos de longa duração na região da APA, em Alagoas
Professores do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), acabam de aprovar, pela primeira vez em Alagoas, projeto de instalação de um sítio do PELD (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) na APA Costa dos Corais (PELD-CCAL).
O programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração é concebido e financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq) em conjunto com as fundações de apoio à pesquisa (FAPs).
VALE APA 2A equipe de 52 pesquisadores é liderada pela Ufal, em parceria com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a APA, Semarh, IMA, Ifal, UFPE, ONG Biota, ONG Yandê, Universidade de Oxford, Ludwig Maximilian University of Munich e University of California.
Pesquisadores, gestores e estudantes de graduação e pós-graduação de diversas áreas de conhecimento irão realizar pesquisa no Sitio-PELD-CCAL em microbiologia, bentos, plantas, ecologia de peixes, aves, répteis, mamíferos, pesca, turismo, recursos hídricos, sensoriamento remoto, interagindo com pesquisadores da área social no que tange a percepções, conflitos, educação ambiental, entre outros.
O projeto também tem um forte componente na área de divulgação científica que será conduzido pela professora Lídia Ramires, da Ufal. Além disso, a equipe conta com a participação dos gestores da Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, como o chefe Iran Normande, o coordenador de pesquisa, Marius Belluci, e o analista ambiental Ulisses dos Santos responsável pelas ações em educação ambiental na APA.
Prioridade 1
O projeto coordenado pelos professores Richard Ladle e Nidia Fabré concorreu com 168 propostas e obteve nota de 9,6, posição 18º entre os 32 avaliados com prioridade 1. O projeto tem recursos financeiros do CNPq e Fapela na ordem de R$ 1 milhão, para pesquisa na APA na sua porção alagoana, por quatro anos.
O objetivo geral do projeto é desenvolver um sistema integrado de monitoramento a longo prazo dos processos ecológicos e sociais essenciais no sistema sócio-ecológico da APA Costa dos Corais. O coordenador do projeto Richard Ladle ressalta que “o PELD será o primeiro em Alagoas e terá um efeito transformador sobre os membros da equipe interdisciplinar, elevará o perfil da pesquisa ecológica na universidade e construirá a capacidade necessária em um dos estados mais necessitados do Brasil”.
A vice-coordenadora, Nidia Fabré, diz que “a aprovação do projeto coloca Alagoas como destaque no cenário nacional e internacional e significa um grande reconhecimento para os pesquisadores do PPG DIBICT, um jovem PPG que desde seu credenciamento em 2009 vem propiciando a integração de professionais da área de conservação da biodiversidade tropical”.
O Projeto
Situada na costa nordestina, entre Pernambuco e Alagoas, a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais é a maior unidade de conservação federal marinha do Brasil. A APA abrange mais de 400 mil ha de área e cerca de 120 km de praias, recifes de corais e manguezais. É classificada como unidade de conservação de uso sustentável, buscando coadunar os objetivos de conservação ambiental e os usos direto (pesca) e indireto (turismo e pesquisa) dos recursos naturais de maneira sustentável. No projeto de sitio PELD, é proposto um sistema integrado de monitoramento a longo prazo dos processos ecológicos e sociais essenciais que ocorrem dentro do sistema sócio-ecológico na porção alagoana da unidade de conservação.
Os objetivos são monitorar e proteger a diversidade biológica e, particularmente, as populações de espécies ameaçadas de extinção; entender e minimizar as ameaças resultantes de atividades antrópicas (do homem), tais como a pesca irresponsável, o turismo desordenado, a degradação de manguezais, a poluição oriunda de fontes agrícolas e domésticas, e as relativas a mudanças climáticas globais; monitorar processos ecológicas e serviços ecossistêmicos (inclusive os serviços culturais); e fornecer conhecimento cientifico essencial para a que os gestores da APA e demais instâncias públicas e privadas de interesse possam implementar e justificar ações de gestão, visando ao uso produtivo e responsável do ambiente e seus recursos.
Para atingir esses objetivos, serão adotadas várias abordagens inovadoras como o uso de veículos aéreos não tripulados (drones) para monitorar populações de peixe-boi e tartarugas marinhas, sensores remotos para modelagem ecossistêmica, microchip para monitorar a qualidade das águas, técnicas de sequenciamento genômico de última geração e métodos de big data para coletar informações sobre os serviços culturais dos ecossistemas.
A aprovação com prioridade 1 com nota que garantiu a 18º colocação entre os 32 PELDS aprovados garante recursos do CNPq e da Fapela para o PELD CCAL colocando a FAP de Alagoas como parceria de extrema importância na condução das pesquisas. Os coordenadores e equipe PELD já estão em articulação para garantir a participação ativa da Fapela em todos os estágios de implementação e monitoramento do projeto.
Os coordenadores afirmam que o aporte previsto de recursos da Fapela fará toda a diferença para o cumprimento dos objetivos do projeto, uma vez que fornecerá recursos extras para o dispendioso trabalho de campo e análises inovadoras de dados e, principalmente, com o provimento de bolsas de graduação e pós-graduação que serão essenciais para a formação de recursos humanos no estado.
Selo de qualidade
O PELD é a versão brasileira de um projeto internacional conhecido como LTER (do inglês Long Term Ecological Research Network). Criado em 1980 pela NSF (do inglês National Science Foundation) nos Estados Unidos, o projeto realiza pesquisas sobre questões ecológicas que requerem décadas de observação e abrangem grandes áreas geográficas.
No Brasil, a primeira chamada ocorreu em 1997 e os resultados têm colaborado para um quadro de melhor gestão na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade no país. Em 2000, o PELD obteve um destaque orçamentário específico no Plano Plurianual 2000-2003 do governo federal, garantindo sua sustentabilidade.
O PELD busca a geração de conhecimento qualificado sobre os ecossistemas brasileiros, sua biodiversidade, em uma rede de 30 sítios de referência, para a pesquisa científica no tema de ecologia de ecossistemas espalhados pelo Brasil.
Segundo o site do CNPq, os sítios PELD são áreas de referência para a pesquisa ecológica no Brasil e ganham um selo de qualidade. Localizam-se nos mais diversos ecossistemas do país, incluindo áreas preservadas e não-preservadas, onde são desenvolvidos estudos dos mais diversos no tema da Ecologia, desde longas séries temporais de dados sobre os ecossistemas e suas biotas associadas, até pesquisas temáticas de menor duração. Os sítios PELD tem papel destacado na formação de recursos humanos especializados (nível de pós-graduação, principalmente), constituindo pólos de nucleação de grupos de pesquisa.
(Por ICMBio , 24/11/2016)