Floripa 2030: projeto esbarra em falta de apoio do poder público

Floripa 2030: projeto esbarra em falta de apoio do poder público

O desenvolvimento sustentável de Florianópolis ainda esbarra na falta de engajamento do poder público. É o que conclui a primeira avaliação do projeto Floripa 2030, elaborado em 2008 por 84 entidades civis organizadas e públicas. Em evento nesta quinta-feira na Câmara de Dirigentes Lojistas da Capital (CDL), às 13h30, oito anos após a criação do programa que estabeleceu metas a serem cumpridas para a evolução da cidade, voluntários, especialistas e a comunidade vão debater o que andou e os entraves atuais.

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Coordenado pela AssociaçãoFloripAmanhã, o projeto foi dividido em cinco estratégias (veja na tabela abaixo). Entre elas estão propostas para a integração dos municípios da Grande Florianópolis, melhoria da mobilidade urbana, investimento nos aterros, em turismo e gastronomia. Apesar de parte das projeções ter evoluído, a conclusão do grupo que elaborou o projeto é de que os resultados não são melhores pela incapacidade do poder público e pela falta de informação e comunicação entre os diferentes atores – públicos, privados e cidadãos.

– Tanto os vereadores quanto os prefeitos pensam as cidades em quatro anos e mesmo assim de forma mal pensada. A cidade é composta de retalhos, não há planejamento da cidade. Não temos um órgão de planejamento que fique24 horas pensando a cidade – critica a presidente da associação, Anita Pires.

A partir do consenso que precisa haver envolvimento dos órgãos públicos para o andamento do projeto, a FloripAmanhã promove no dia 24 deste mês um debate com os dois candidatos no segundo turno. No entanto, o geógrafo mestre em planejamento urbano e integrante do grupo que desenvolveu e avaliou o Floripa 2030, Ivo Sostizzo, afirma que as demandas do documento foram praticamente ignoradas durante a campanha:

– Os candidatos à prefeitura estão ignorando toda a produção de proposições que a sociedade ofereceu nesses últimos 10 anos. Foram nove documentos, e o único que eles citaram é o Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis (Plamus). Dias atrás falaram também do plano de saneamento. Todas as proposições nos últimos 10 anos não tiveram origem do governo, mas sim da sociedade.

A secretária de Turismo de Florianópolis e ex-coordenadora da FloripAmanhã, Zena Becker, concorda que o projeto poderia ter evoluído. No entanto, ela pondera que muitas das recomendações feitas no documento foram seguidas pelos governos municipal e estadual. Zena cita a criação da região metropolitana da Grande Florianópolis, o projeto da marina da Beira-Mar, o Plamus e a inclusão de ideias no plano diretor da Capital. Mesmo com impacto direto somente nos últimos dois anos, ela aponta a crise como um entrave.

– Realmente faltou, talvez, olhar melhor o projeto. Mas ele andou bastante. Talvez não tanto quanto a sociedade gostaria porque coincidiu com um tempo de crise econômica, institucional e política – disse a secretária.

O que dizem os candidatos

A reportagem do DC questionou os dois candidatos do segundo turno da Capital sobre o projeto Floripa 2030. Veja a posição de cada um:

ANGELA AMIN (PP)

“A ideia central que baliza a missão da política de um gestor público é a melhoria da qualidade de vida, condição essencial para o sucesso de um modelo de desenvolvimento que todos buscamos.O projeto Floripa 2030 reflete um conjunto de estratégias de futuro e que converge com as nossas ideias fundamentadas, por exemplo, no conceito de cidade criativa. Essa convergência nos traz a certeza de que teremos no FloripAmanhã um parceiro na construção de uma cidade melhor e mais humana”.

GEAN LOUREIRO (PMDB)

“Seremos atores nesse processo de construir uma cidade mais colaborativa, preparada para experimentar um crescimento planejado e ordenado.Vejo a prefeitura não como a protagonista, mas como o maestro dessa grande orquestra.Entre os nossos planos estão o fortalecimento das parcerias público-privadas, a implantação de incubadoras comunitárias– um modelo para promover e impulsionar o desenvolvimento econômico das comunidades – e uma série de projetos para tornar a cidade mais sustentável”.

 

(Diário Catarinense, 20/10/2016)