16 set Mobilidade urbana deve ser o foco do próximo prefeito de Florianópolis
(Por Rafael Martini, Diário Catarinense, 16/09/2016)
A falta de vagas em creches em Florianópolis monopolizou os debates na eleição passada. Os candidatos tanto falaram no assunto que qualquer eleitor sabia até o tamanho da fila de espera, estimada em cerca de quatro mil crianças à época. Quatro anos depois e um financiamento de US$ 50 milhões do BID exclusivo para investimento na rede municipal de educação, o problema não foi solucionado totalmente, mas está bem encaminhado para os próximos quatro anos, independente de quem vencer. Com o dinheiro disponível está prevista a construção de 20 novas creches. Logo, o tema deixou de ser pauta prioritária entre os prefeituráveis.
A bola da vez em 2016 é a mobilidade urbana. Ou melhor, a falta dela. Não só na Capital, mas o impacto da falta de planejamento de tráfego em toda a região metropolitana. Foi-se o tempo em que as pontes Pedro Ivo e Colombo Salles congestionavam pela manhã para acessar a Ilha de SC e no fim da tarde para sair. Hoje não tem mais horário de pico, a tranqueira é ininterrupta, alcançado do Sul da Ilha à Via Expressa e chegando a São José e Palhoça.
No debate organizado pelo Diário Catarinense nesta quinta, ficou evidente que os candidatos resolveram adotar o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (Plamus) como espécie de livro de cabeceira para a disputa. Todos têm os números na ponta da língua do estudo financiado pelo BNDES e considerado o mais detalhado levantamento sobre mobilidade da região elaborado até hoje. Com algumas pequenas variações conceituais, é consenso que o BRT (linhas de ônibus rápido) é a solução mais eficiente e viável a curto prazo. Mas que também precisa estar integrada aos demais municípios da região, e também aos outros modais como transporte hidroviário e ciclovias.
O carro particular foi eleito o vilão dos nossos tempos. A pouco mais de 15 dias da votação, a boa notícia é que qualquer um dos candidatos adotará a mobilidade como o grande tema na próxima gestão. Só falta agora detalhar um pouco mais como pretendem colocar o Plamus, com o perdão do trocadilho, andando. O custo total do sistema integrado de mobilidade foi orçado em R$ 3 bilhões e levará até 20 anos para ficar pronto. Se levarmos em conta uma prefeitura que anda contando os tostões para pagar a folha dos servidores, é preciso mais do que consenso sobre como enfrentar a falta de mobilidade. Deve-se apontar os caminhos, literalmente.
Opostos se atraem
É uma das mais famosas leis da física que se comprova até em eleição. Angela Amin (PP) não esconde que anda impressionada com a forma cortês como o candidato Elson Pereira (PSOL) tem se portado durante os debates e eventos que reúnem os postulantes à cadeira de prefeito. Mesmo em campos ideológicos antagônicos, eles têm mantido boas conversas sobre o futuro da cidade. Mas antes que especulem, ninguém falou sobre qualquer apoio.
Canal aberto
O PP de Angela Amin já iniciou as conversas com PSB de Murilo Flores de olho em uma eventual composição para o segundo turno.
Efeito chiclete
O slogan de Murilo Flores (PSB), “com inteligência e coração” é o que mais pegou entre a criançada.
Fácil compreensão
Depois de um começo claudicante na campanha, Angela Albino (PCdoB) começa a mostrar uma de suas principais virtudes: a clareza na defesa das propostas apresentada de maneira didática, coloquial e clara.
Focado
Gean Loureiro (PMDB) segue firme na estratégia de colocar-se como contraponto a atual gestão de Cesar Souza Junior, vinculado o atual governo à candidata Angela Amin. Está convencido de que o desgaste de Cesar e a coligação com 14 partidos em torno do PMDB farão toda a diferença.