19 set Comunidade de Ratones é contrária à estação de tratamento de esgoto no bairro
A Câmara Municipal de Florianópolis, no âmbito das Comissões de Meio Ambiente e de Viação e Obras Públicas, realizou nesta quinta-feira, 15 de setembro, Audiência Pública para discutir a implantação de sistema de coleta e tratamento de esgotos sanitários em empreendimento da empresa Rotária do Brasil, dentro dos limites da Zona de Amortecimento da Estação Ecológica de Carijós, em atendimento a requerimento do vereador Edinon Manoel da Rosa (PMDB).
A comunidade de Ratones manifestou-se contrária à instalação da estação no local. Em 2015 a Associação recebeu denúncias de que havia uma movimentação na área remanescente do Condomínio Ilha de Ratones. O ICMBio solicitou a documentação da empresa que explicou a proposta do empreendimento. A comunidade mobilizou-se realizando eventos como carreatas e abaixo-assinado manifestando sua posição contrária com relação à obra. Representantes da comunidade pediram ainda que a estação seja instalada em outro lugar.
O sócio da empresa Rotária, Christoph Platzer, garantiu que a empresa nasceu com uma missão de proteger o meio ambiente e destacou que é necessário pensar em tratamento adequado de esgoto em Florianópolis
“Se a gente não tem um lugar onde tratar o esgoto acontecerão situações como a do ano passado em Canasvieiras em que o Rio do Brás poluiu a praia. O tratamento nós só podemos fazer em poucas áreas na cidade e uma delas é aqui em Ratones. Eu queria esclarecer para vocês que a gente fez o empreendimento ali para 10 caminhões por dia. A gente não vai tratar ali lixo de hospital, como está sendo falado por aí”, assegurou.
O representante da empresa Rotária garantiu ainda que o material obtido por meio do tratamento tem um nível baixo de contaminação e que o sistema também foi planejado para impedir que o afluente polua o Rio Ratones. Chistoph Platzer enfatizou que o sistema é o mesmo utilizado na Estação de Carijós. “Este tratamento em si leva uma água totalmente limpa até o solo e o solo faz mais um tratamento ainda. É uma solução boa sem potencial poluidor”.
Em relação às licenças para a instalação da Estação, o representante da empresa afirmou que foram feitas solicitações ao Ministério Público, além de estudos sobre impacto de vizinhança.
O morador do bairro Ratones, Cleoni dos Santos, indagou ao representante do ICMBio se o local é adequado para a instalação da estação e a resposta foi negativa por estar próxima de lençol freático e por ser uma área inundável. O morador Gilberto questionou por que a empresa suprimiu vegetação nativa do local. O representante da empresa negou que parte da vegetação tenha sido cortada.
Mas, a representante do Condomínio Ilha de Ratones, Débora Jordana, enfatizou que houve desmatamento da região e lembrou que o condomínio é formado por 50 lotes, composto por três ruas e encerra antes do empreendimento em questão. “Há um loteamento clandestino depois que está sendo vinculado ao nosso condomínio. Eu vi as árvores, não preciso de fotos, houve sim corte de vegetação no local na calada da noite. O que foi feito lá tem que ser recuperado”.
O deputado estadual Roberto Salum, morador de Ratones, pediu a punição de quem deu as licenças para o empreendimento e se dirigiu ao sócio da empresa Rotária. “O senhor não foi correto com a nossa comunidade. Aqui não é lugar de fossa. É a única área rural e sagrada que ainda sobra na nossa Ilha”.
Ao fim do encontro a comunidade reiterou a posição contrária à efetivação do projeto no bairro.
(Câmara Municipal de Florianópolis, 15/09/2016)