05 ago Saneamento básico preocupa para a próxima temporada de verão na Ilha de Santa Catarina
As praias de Florianópolis atraem todos os tipos de visitantes. Na temporada de verão, famílias preferem as águas mais calmas e os jovens as ondas do mar agitado. O que ninguém gosta é de praia poluída. A falta de um sistema de esgoto sanitário que atenda toda a Ilha de Santa Catarina preocupa moradores, comerciantes, empresários e o trade turístico. Saneamento é o assunto desta reportagem que abre a série sobre a próxima temporada de verão em Florianópolis.
Na última temporada, o rio do Brás ganhou notoriedade pela poluição. Em virtude das ligações irregulares e de um extravasor da ETE (Estação Elevatória de Esgoto), Canasvieiras sofreu com a contaminação da água. “Durante o verão não tinha quem entrasse no mar perto do trapiche de Canasvieiras. Perdi clientes, porque ninguém quer pegar uma doença ou uma micose. Todos os meus funcionários tiveram virose. E a culpa não é exclusiva dos governantes, porque tem muito morador despejando esgoto na rede pluvial”, disse o empresário Ivon Neves, 41 anos, que administra passeios de barco em Canasvieiras.
São muitas irregularidades encontradas pela fiscalização. Desde a rede pluvial ligada na rede de esgoto, que faz transbordar as estações de tratamento, até as ligações que correm para o mar. Um índice que demonstra a falta de conscientização dos gestores e de parte da população está no relatório de balneabilidade da Fatma. Em julho, a análise revelou que dos 75 pontos analisados na Capital, 29 continuam impróprios. Praias de Canasvieiras, Ingleses, Jurerê e Armação do Pântano do Sul, por exemplo, têm pontos de contaminação mesmo na baixa temporada.
Programa Se liga na rede fiscaliza irregularidades
A Secretaria de Habitação e Saneamento de Florianópolis e a Casan realizam desde 2013 o programa Se liga na rede, que orienta usuários sobre a forma correta de fazer a ligação na rede de esgoto. Nos últimos três anos foram inspecionados mais de 21 imóveis. Em julho, 49,01% apresentavam irregularidades. Os problemas mais frequentes são a não conexão à rede de esgoto e a ausência de caixa de gordura. “Existe um baixo número de unidades em aberto no Norte da Ilha, a maioria para a segunda visitação e a conferência de execução das adequações”, explicou o engenheiro ambiental João Henrique Pereira, um dos responsáveis pelo programa.
A residência alugada do estudante Rafael Dieme, 26 anos, não tem caixa de gordura. “A areia do rio do Brás se transformou em um lodo diante de tanta sujeira. A fiscalização é importante para identificar problemas onde a gente não percebe. A solução é corrigir e apoiar as vistorias. O ideal era ter uma estrutura para absorver todo o material proveniente das casas, assim, evitaríamos qualquer tipo de contaminação”, observou.
Fossa para quem não tem sistema de esgoto
A situação no Campeche, Sul da Ilha, não é diferente do Norte da Ilha. Sem uma estação de tratamento, moradores e comerciantes precisam ter fossa. O proprietário de um restaurante à beira-mar, Denis Tiago Izoppo, 29 anos, espera pela regularização do serviço de coleta. “Quando tem alguma água escorrendo em direção ao mar todo mundo fica preocupado. Isso é ruim para os negócios, porque precisamos prestar informações aos turistas sobre algo que não sabemos, se existe ou não risco de poluição”, disse.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 04/08/2016.