Poluição do rio do Braz preocupa moradores antes de mais uma temporada de verão

Poluição do rio do Braz preocupa moradores antes de mais uma temporada de verão

Para quem mora e trabalha em Canasvieiras, falar da última temporada de verão gera lembranças desagradáveis. As cenas de turistas com máscaras para enfrentar o mau cheiro que saía do rio do Braz, a língua preta de esgoto que corria do curso d¿água para o mar e a debandada de visitantes que passavam férias no balneário mancharam o verão em uma das praias mais conhecidas da cidade.

Pouco mais de três meses antes do começo do próximo verão, o povo que circula por Canasvieras mostra descrença de que os problemas verificados no início do ano não voltarão a se repetir. Gente que foi prejudicada no trabalho com a queda no movimento, que precisou buscar outras praias para o lazer e diversão da família, que viu a faixa de areia ter em uma semana de janeiro todos os oito pontos de coleta da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) impróprios para banho.

— Não podemos mais suportar isso aí, de ver esse rio lançar esgoto direto no mar. No inverno, não vi acontecer mais nenhuma vez, mas a gente sabe que o problema aumenta no verão, assim como vem aumentando ano a ano desde que vim morar aqui — conta o militar Albino Fernandes, 58 anos. Para ele, se há produção de esgoto, ¿deve haver tratamento eficiente¿.

Jardineiro durante o ano e garçom no verão, Marcos Vinícius Xavier, 26 anos, sentiu no bolso os efeitos da poluição. O movimento no restaurante em que trabalha no balneário caiu mais de 30%.

— Mesmo fora do verão, quando chove muito forte ninguém aguenta o cheiro que sai do rio do Braz, basta você ver a cor dele para perceber como ele está poluído — destaca.

Apesar de tudo, Canasvieiras segue atraindo famílias. A estudante Vitória Marcelino Lacerda, 17 anos, chegou há um mês do Guarujá, litoral de São Paulo, para ajudar na pizzaria aberta pelo pai em Canasvieiras. Sentada a poucos metros da foz do rio do Braz, ela já ouviu falar da poluição do local, mas espera que a situação melhore no próximo verão.

— Logo que cheguei percebi que a água do rio é muito escura. Mesmo assim, não senti mau cheiro ainda — conta.

Para desaguar no mar, como ocorreu nos momentos mais críticos da última temporada, o rio do Braz é influenciado pelas condições da maré e das chuvas, que podem assim remover a faixa de areia que impede o encontro entre a água poluída do rio e o mar.

— Tudo que a gente quer é que no verão a água do rio não se misture com a do mar, porque se isso acontecer teremos mais um verão perdido em Canas — afirma a vendedora Luciana Martinez, 40 anos, uma das tantas argentinas que mora e trabalha no balneário.

(Diário Catarinense, 29/08/2016)