06 jul Entidades criticam decisão da prefeitura de criar estacionamento no aterro da baía Sul
A decisão da prefeitura de Florianópolis de criar um estacionamento para 850 carros no aterro da baía Sul é vista com ressalvas por entidades da cidade. Mesmo que a medida seja dita como provisória pelo Executivo e, a longo prazo, a proposta seja a revitalização total da área, as críticas recaem sobre a priorização dos carros em um local inicialmente planejado para estimular o convívio e a ocupação urbana. A previsão é de que o estacionamento renda R$ 3,6 milhões anuais para a prefeitura.
O vice-presidente do CAU/SC (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), Giovanni Bonetti, teme que o provisório se torne permanente. Para ele, hoje a área é um espaço urbano com grande potencial, mas completamente desqualificada. “A prioridade de investimento da prefeitura deveria ser alternativas de transporte público e outros modais, e desprivilegiar o uso dos carros. A mobilidade está interligada com todo planejamento da cidade”, avalia. Bonetti diz que é preciso pensar em uma ocupação para todo o aterro e não em partes, criando “retalhos urbanos”.
Cássio Taniguchi, da Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis e secretário de Estado de Planejamento, critica a criação do estacionamento. “Florianópolis tem estacionamento demais na área central. Infelizmente isso só vai estimular mais carros no Centro. A cidade está carente de parques e está na hora de criar áreas voltadas para a população”, afirma.
O vice-presidente da ONG FloripAmanhã, Thiago Schutz, vê dois lados. Para ele, a curto prazo é uma boa solução para ocupar uma área abandonada e frequentada por usuários de drogas. “Mas essa solução não pode se perpetuar. Toda vez que se pensa em estacionamento prejudicam-se outros modais. Quando se abre estacionamentos, você está dizendo que é mais fácil vir para o Centro de carro”, avalia.
O grupo teatral Erro Grupo costuma trabalhar em suas performances a questão da utilização do espaço público. Para o diretor Pedro Bennaton, estimular o uso de carros é uma questão ultrapassada. “É uma prefeitura que se volta para os carros e não para a permanência do cidadão nos espaços. Vão transformar o aterro em mais um estacionamento para valorizar um meio de transporte que polui o meio ambiente, que atravanca o trânsito e que prioriza minorias”, diz.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 05/07/2016.